A Costa Rica fez história na Copa do Mundo da FIFA nesta terça-feira, e Celso Borges sabe bem do impacto duradouro que isso terá. Afinal de contas, o habilidoso armador da equipe caribenha é filho do brasileiro naturalizado Alexandre Borges Guimarães, o homem que deu o passe para o gol que levou os costa-riquenhos aos mata-matas pela primeira vez na Itália 1990.
Celso tinha apenas dois anos de idade à época, mas testemunhou em primeira mão a eterna gratidão que a proeza rendeu ao pai, que posteriormente também comandou a Costa Rica nos Mundiais de 2002 e 2006. E, caso o meia precisasse de inspiração ou de um pequeno lembrete quanto à oportunidade representada pelo Brasil 2014, Guimarães sempre esteve por perto. 
"A gente se reúne toda noite e conversa bastante", contou Borges ao FIFA.com. "Ele fica tão empolgado quanto eu sobre o andamento das coisas e me disse para aproveitar ao máximo cada minuto. Ele falou que este é um momento e uma vitrine na nossa vida esportiva que talvez jamais tenhamos de novo, e esse tipo de conselho eu escuto e respeito muito, é claro. Estou muito orgulhoso de fazer parte da história do futebol do meu país, assim como o meu pai."
A inesquecível façanha da geração de Borges foi ter avançado às oitavas de final na liderança da chave e, pela primeira vez, sem ter perdido nenhuma partida. Esses números foram preservados em Belo Horizonte graças a um suado empate sem gols com a Inglaterra, um dos três antigos campeões mundiais recheados de astros em um Grupo D que, para a maioria dos especialistas, parecia não dar esperanças de classificação à Costa Rica.
"Sabemos que a maioria das pessoas fora da Costa Rica não esperava que fôssemos nos classificar e estamos muito felizes de ter realizado o que realizamos", diz Borges. "Mas, se outras pessoas duvidavam de nós, nós sempre soubemos que éramos capazes. E acho que você pode ver essa confiança na maneira como jogamos."
E engana-se quem pensa que os centro-americanos pretendem parar aí. "O importante agora é continuarmos mirando mais alto", afirma o meia de 26 anos. "Estamos nas oitavas de final, o que é uma conquista enorme para nós e para o nosso país, mas temos a crença real de que podemos ir mais longe. Pela maneira como estamos jogando, por que não estaríamos confiantes? Não subestimamos o quanto será difícil, mas estamos aqui para jogar e competir, e isso funcionou bem até aqui."
Borges vem sendo uma das principais referências da seleção costa-riquenha graças à sua visão e tranquilidade, além de ter garantido uma distribuição de bola essencial para um estilo de jogo que recebeu elogios generosos do técnico da Inglaterra, Roy Hodgson. A única coisa que ainda falta ao meio-campista neste Mundial é um gol, algo que ele quase conseguiu com uma soberba cobrança de falta que parecia destinada a entrar no ângulo da meta inglesa.
"Eu sabia que tinha batido bem e fiquei olhando, esperando que entrasse", comentou Borges. "Mas foi uma defesa excelente do goleiro (Ben Foster), tiro o chapéu para ele. Achei que eu ia colocar a bola onde ele não pudesse alcançar, mas ele é alto e fez bem em provar que eu estava enganado."
"Seria legal marcar um gol, mas o principal é jogarmos bem e nos divertir com o nosso futebol. E essa é a palavra que eu usaria: estamos nos divertindo. Viemos aqui para isso, para tratar tudo com seriedade e profissionalismo, mas também para jogar com um sorriso no rosto. Agora temos outro desafio, mas também outra chance de deixar ótimas lembranças ao povo costa-riquenho e escrever uma nova página na nossa história." E isso é algo que está virando uma espécie de especialidade da família...