sábado, 11 de abril de 2009

Vamos começar com abrolhos












Fonte: http://www.linkway.com.br/abrolhos/abrol.htm

Histórico


Criado em 06 de abril de 1983, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos foi o primeiro parque marinho a ser criado no Brasil.

Segundo tradição nos meios náuticos, o nome Abrolhos provém da advertência Abra os Olhos, contida em antigas cartas náuticas portuguesas, aos navegantes daquela região, devido aos perigos que ela oferece dada a grande quantidade de recifes submersos.

Distante aproximadamente de 70 Km da costa brasileira na região sul do estado da Bahia, é composto por um grupo de recifes de corais, ilhas vulcânicas e a plataforma continental dentro de seus limites (um polígono e um quadrilátero de interdição, visualizados nas cartas náuticas).

Ocupa uma área aproximada de 266 milhas náuticas quadradas, dividida em duas áreas distintas sendo que no meio delas encontra-se excluído o canal dos Abrolhos, região de passagem de embarcações.

A maior dessas duas áreas (233,60 milhas náuticas quadradas), engloba o arquipélago dos Abrolhos e a outra, menor (32,35 milhas náuticas quadradas), engloba os recifes de Timbebas.

Nessas áreas, toda a fauna e flora, tanto dentro quanto fora d`água, estão sob proteção do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Nessa área é proibido qualquer tipo de pesca, seja ela comercial, esportiva ou submarina, caça ou qualquer atividade que venha causar qualquer tipo de dano ao meio ambiente, bem como a introdução de qualquer espécie de fauna ou flora, podendo isso causar alteração no ecossistema ali existente, além de inúmeras regras que devem ser seguidas quando da visitação do arquipélago.

Como chegar


As duas cidades mais próximas do arquipélago são Caravelas e Prado, ambas localizadas no extremo sul do litoral bahiano.

Diversas empresas nas duas cidades oferecem pacotes de viagem até o arquipélago.

Basicamente existem dois tipos de pacote:

Um deles, em lanchas mais rápidas, que saem de manhã, fazem o trajeto até o arquipélago geralmente em duas horas e meia com o mar favorável, e voltam no final da tarde do mesmo dia.

E outro, em embarcações mais lentas que levam geralmente 6 horas para chegar, porem dorme-se à bordo durante quantas noites forem programadas.

Quanto a alimentação, geralmente está incluída no pacote. Cursos e equipamentos de mergulho são oferecidos à parte.

Além dessas cidades muitas agências de turismo e empresas de mergulho em todo o Brasil também oferecem seus serviços.

Caso voce prefira ir navegando com seu próprio barco informe-se junto a sede do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na praia do Kitongo em Caravelas sobre as regras vigentes.


Proteção


Por se tratar de uma Unidade de Conservação Ambiental, Abrolhos tem assegurado por leis federais a proteção de todo seu ecossistema. Porém, é a nossa conscientização que faz não só Abrolhos, mas tudo o que está em nossa volta, ser o que é.

Já está na hora de começarmos a ver o mundo como um organismo vivo, do qual nós também fazemos parte.

A fauna



A fauna terrestre do arquipélago é um tanto pobre, refletindo a limitação ambiental, pouco espaço disponível e reduzidas fontes alimentares, além do solo raso o qual suporta uma vegetação exclusivamente rasteira.

Ratos, aranhas e principalmente lagartos são os exemplares mais comuns existentes nas ilhas depois das aves.

Essas constituem o grupo de maior expressão. Se fazem presente em grande número de indivíduos, habitando todas as ilhas do arquipélago.

Quatro espécies consideradas endêmicas de Abrolhos são facilmente encontradas.

O atobá-branco (Sula dactylatra); o atobá-marrom (Sula leucogaster); as fragatas (Fregata magnificens); e a grazina (Phaethon aethereus).

Duas espécies migratórias podem ser encontradas entre os meses de março a novembro; a primeira, conhecida como benedito (Anous stolidus), é encontrada em grande número e o trinta réis (Sterna fuscata), representado apenas por alguns casais, que junto com os beneditos se reproduzem na ilha Guarita.

Em compensação, a fauna marinha é uma das mais ricas da costa brasileira, o que justificou a decretação da área como Unidade de Conservação Ambiental.

A baixa profundidade e a presença de grande quantidade de recifes de corais criaram condições excepcionais para o desenvolvimento de inúmeras espécies sendo que, como já foi dito, pode-se encontrar em Abrolhos todos os peixes que existem no Atlântico sul.

Mais sobre as Aves


O atobá-branco (Sula dactylatra), ave endêmica de Abrolhos, mede aproximadamente 86cm, é de cor branca, e possui as penas das asas e cauda negras, bem como a garganta e a face.

A fêmea é um pouco maior que o macho, porém o que torna fácil a identificação é o fato de possuírem diferentes vocalizações.

De temperamento dócil, alimentam-se de peixes e lulas capturados em mergulhos.

Se reproduzem em colônia durante todo o ano sendo que, tanto o macho quanto a fêmea se revezam na tarefa de chocar o ovo (o que leva em torno de 45 dias), alimentar e proteger o filhote.

Põem geralmente dois ovos em ninhos localizados no solo, porém apenas um filhote sobrevive, pois é ele quem deve retirar o alimento de dentro do bico dos pais para poder se alimentar. Por esse motivo, acaba sobrevivendo apenas o mais forte.

Habitam as áreas mais elevadas, principalmente das ilhas Sta. Bárbara e Siriba.

O atobá-marrom (Sula leucogaster), também uma ave endêmica de Abrolhos, mede aproximadamente 74cm, é marrom escuro com o abdomem branco.

A diferenciação dos sexos é observada pela cor ao redor dos olhos (azul-escuro no macho e amarelo claro com mancha negra na fêmea).

Alimenta-se de peixes, vive em colônias, principalmente na ilha Sueste, onde confecciona seus ninhos com pedras e material vegetal nos paredões e junto a blocos de pedra.

Apesar de sua similaridade com o atobá-branco, possui um comportamento bem mais arisco mostrando-se inquieto à aproximação humana.

Põem geralmente dois ovos (levando em torno de 45 dias para chocar), porém, como o atobá-branco, apenas um filhote sobrevive, pois é ele quem deve retirar o alimento de dentro do bico dos pais para poder se alimentar. Por esse motivo, acaba sobrevivendo apenas o mais forte.

A grazina (Phaethon aethereus), outra ave endêmica de Abrolhos, mede aproximadamente 1m, sendo que 40cm correspondem às penas centrais da cauda.

Possui o corpo branco, o dorso listrado de negro, a ponta da asa negra e o bico vermelho.

Faz os ninhos sempre em locais abrigados, geralmente pequenas tocas entre as pedras onde coloca apenas um ovo.

Só se reproduz em dois locais: Abrolhos, onde se localiza a maior colônia reprodutiva, e Fernando de Noronha.

As baleias


Da metade do outono em diante, quando as águas começam a congelar na Antártica, as baleias Jubarte (Megaptera novaeangliae), iniciam sua migração em grupos à procura de águas mais quentes, fugindo assim do inverno antártico e buscando locais ideais para acasalar e reproduzir.

O único local do atlântico sul onde elas se reproduzem é justamente em Abrolhos, sendo que lá elas permanecem de julho até meados de dezembro.

Isso ocorre basicamente por três fatores:

1- Temperatura da água elevada.

As baleias Jubarte possuem uma espessa camada de gordura ao redor do corpo que, além de ser uma reserva energética, proporciona um isolamento térmico, protegendo-a do frio.

O filhote nasce com uma camada de gordura um tanto fina ao redor do corpo, se ele nascesse em locais com águas de baixa temperatura provavelmente não suportaria o frio e acabaria morrendo.

Abrolhos possui uma temperatura média da água durante o ano em torno de 25,5° C o que é considerado uma temperatura bastante amena.

2- Região de baixa profundidade e águas calmas.

Após o nascimento, a mãe auxilia o filhote no início do processo respiratório, levantando-o até a superfície para que ele possa respirar.

A profundidade ao redor do arquipélago fica em torno de 20m e as águas são relativamente calmas, fatores que facilitam esse processo.

3- Ausência de Orcas.

Pois são predadoras naturais da baleia Jubarte.

O ciclo reprodutivo dessas baleias inicia-se após o acasalamento, que ocorre na região do arquipélago. A partir daí elas migram para a Antártica onde ficam se alimentando até o final da gestação, então voltam novamente à Abrolhos para terem seus filhotes.

O período completo desse ciclo é de 11 meses, coincidindo assim com o tempo de gestação do animal.

Ao nascer, o filhote mede de 4 a 5m pesando de 1,0 a 1,5 toneladas, e quando adulto pode chegar a 16m e pesar até 40 toneladas.

Enquanto estão na Antártica, as baleias Jubarte se alimentam principalmente do krill (Euphausia), um pequeno camarão encontrado em abundância, além de outros pequenos crustáceos.

Com isso, constituem aquela camada de gordura que serve de reserva energética para o tempo em que estão longe do continente gelado, ou seja, as baleias só se alimentam no período em que estão na Antártica, com exceção dos filhotes, que recebem o alimento por parte da mãe desde o momento que nascem em águas tropicais, até voltarem às águas frias, época em que já terão também uma camada de gordura espessa o suficiente para garantir sua sobrevivência.

As fêmeas alimentam seus filhotes da seguinte forma:

Como não possuem mamas exteriorizadas (o que as auxiliam em relação a hidrodinâmica), as fêmeas, a partir de contrações abdominais, jorram o leite na água através de duas pequenas fendas na região ventral, estimuladas por pequenos toques promovidos pelo filhote.

Como esse leite possui uma alta taxa de gordura (em torno de 40%), ele não se dissolve na água, formando placas, como um plasma, que são abocanhadas pelo filhote.

Dessa forma o filhote mama, em média, 100 litros de leite por dia.

Em toda a temporada reprodutiva chegam à Abrolhos cerca de 1.500 à 1.800 baleias, sendo que o pico são nos meses de agosto e setembro.

Esses dados são obtidos através de estatísticas, e a identificação é possível graças as variações das manchas preta e branca existentes na região ventral da nadadeira caudal, servindo como uma impressão digital, através da qual se consegue individualizar o animal.

Conhecidas por seu temperamento dócil, desenvolvido sistema de vocalização e freqüentes acrobacias, são um espetáculo à parte para quem visita o arquipélago.


As Tartarugas Marinhas


Já foram observadas em Abrolhos três das cindo espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil.

A tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata); a tartaruga gigante ou tartaruga de couro (Dermochelys coureacea); a tartaruga verde (Chelonia mydas), que pode ser encontrada facilmente em diversos locais ao redor do arquipélago, principalmente entre as ilhas Redonda e Siriba; e a tartaruga cabeçuda (Caretta caretta), a única que se tem relatos de algumas poucas desovas na porção de areia da ilha Redonda.

A vegetação



A vegetação terrestre do Parque é dominada completamente por plantas de pequeno porte como gramíneas, herbáceas e ciperáceas.

Alguns coqueiros (Cocos nucifera) foram introduzidos em algumas ilhas, porém isso ocorreu antes da área ser decretada como Parque.

Acredita-se que essa introdução se deu por parte de antigos pescadores daquela região, os quais usufruíam das águas dos cocos, tendo em vista a ausência de água potável nas ilhas.

A vegetação marinha, extremamente rica em quantidade e variedade de espécies, possui uma importância enorme, pois desempenha nos habitats marinhos uma função ecológica igual a dos vegetais clorofilados em terra.

As ilhas do arquipélago


O arquipelago é composto por um grupo de cinco ilhas, são elas:

Ilha Santa Bárbara

É a maior e a principal ilha do arquipélago. Possui aproximadamente 1,5Km de extensão, 300m de largura e 35m acima do nível do mar.

Apesar de estar localizada praticamente no centro do Parque, pertence a Marinha do Brasil, não estando incluída nos limites do Parque nem sob sua jurisdição.

Por se tratar de uma base militar, o desembarque é expressamente proibido, sendo concedido somente mediante autorização do II Distrito Naval localizado em Salvador - BA.

É a única ilha habitada do arquipélago, também a única a possuir alguma infra-estrutura.

Nela existem, além do farol, algumas casas que servem de moradia às famílias dos militares, pessoal do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pesquisadores.

Existem ainda outras construções como garagem para barcos, heliporto, capela (em homenagem a Santa Bárbara, Santa padroeira dos navegantes), e até uma pequena sala de aula que serve às crianças que ali vivem.

Por estar fora da jurisdição do Parque, é a única ilha em que foram introduzidos algumas plantas e animais, o que não é permitido nas outras ilhas.

O principal animal introduzido foram as cabras, que forneciam, além da carne, também o leite.

Em relação à presença das cabras hoje na ilha, existem certas contestações, pois como sua introdução já decorre de um bom tempo, toda a vegetação da ilha sofreu grande degradação com a presença desses animais que pastam o tempo todo.

Hoje, além da água potável, praticamente todo o alimento consumido dentro do arquipélago é trazido do continente, tendo em vista que a pesca não é permitida nos limites do Parque.

O Farol encravado num dos pontos mais altos da ilha foi Inaugurado em 1861 no reinado de D. Pedro II.

De fabricação francesa, mede 60m de altura, podendo sua luz alcançar mais de 20 milhas náuticas. De extrema importância, até hoje norteia os navegantes, indicando-lhes visualmente a localização dos perigosos recifes.

Juntamente com o sistema de rádio formam o posto da Marinha, a qual além de orientar a navegação emite boletins meteorológicos, fazem um trabalho de fiscalização das embarcações que fundeiam no arquipélago, e garantem presença permanente dentro de um território nacional.

Ela, juntamente com a ilha Siriba, abrigam a maior colônia do atobá-branco (Sula dactylatra) do arquipélago.


Ilha Sueste

É a segunda maior ilha do arquipélago, possui esse nome decorrente obviamente de sua localização.

Mede aproximadamente 500m de extensão, 200m de largura e 15m acima do nível do mar, sendo a ilha que se encontra mais afastada e a que abriga a maior colônia do atobá-marrom (Sula leucogaster) do arquipélago.


Ilha Redonda

Mede aproximadamente 400m de diâmetro por 36m de altura, sendo que a parte elevada
possui forma arredondada, e a parte inferior arenosa, prolonga-se em direção a ilha Siriba, local onde vem sendo feitos registros de desovas de tartarugas marinhas da espécie Caretta caretta.

Reduto principal e único local de reprodução das fragatas (Fregata magnificens), a ilha redonda teve sua parte superior totalmente queimada em um incêndio ocorrido no dia 01/01/97 o que causou a morte de mais de 200 aves, as quais não abandonaram seus ninhos construídos com ramos e raízes secas, sobre as moitas de vegetação.

Quanto as fragatas que restaram, estas habitam hoje a ilha Sueste junto com os atobás-marrom.

Ilha Siríba


à direita Ilha Siríba e à esquerda Ilha Redonda

Possui aproximadamente 300m de extensão por 100m de largura e 16m acima do nível do mar.

É a única ilha do arquipélago em que é permitido o desembarque e a visita por parte dos turistas.

Nessa visita, feita de forma programada e monitorada, caminha-se apenas ao redor da ilha, onde pode-se observar desde a formação do arquipélago, até diversas espécies de aves que colocam seus ninhos junto ao chão, um dos motivos de não se caminhar na parte central da ilha.

Ela, juntamente com a ilha Sta Bárbara, abriga a maior colônia do atobá-branco (Sula dactylatra) do arquipélago.


Ilha Guarita

Localizada 250m ao norte da ilha Sta Bárbara, é a menor de todas as ilhas do arquipélago,
possuindo apenas 100m de extensão e 13m acima do nível do mar.

É o principal local de reprodução do benedito (Anous stolidus), uma espécie de ave migratória, presente em Abrolhos durante os meses de março a novembro.



Formação Geológica das Ilhas

Quanto da formação das ilhas, todas são de origem vulcânica, possuindo também grande quantidade de rochas sedimentares.

Devido a movimentos ocorridos nas placas tectônicas (placas que formam a superfície do globo terrestre), estas se romperam, fazendo a lava brotar por rachaduras no fundo do oceano.

Essa lava após sair pelas rachaduras se solidificava, e quando atingia a superfície, onde hoje é o arquipélago, formava as ilhas.

Nesse trajeto porém, trazia consigo grande quantidade de material sedimentar que compunha o fundo do oceano, e que também chegava a aflorar junto com a lava.

Sendo assim, as ilhas são compostas por rochas basálticas (rochas escuras de origem vulcânica) e rochas sedimentares, formadas por materiais depositados e solidificados no fundo do oceano durante muito tempo, e depois trazidos à tona junto com a lava.

Porque Abrolhos foi transformado em Parque Nacional Marinho?


Vários foram os fatores que fizeram com que o arquipélago dos Abrolhos fosse transformado em um Parque Nacional Marinho:

• possui o maior banco de corais do Atlântico sul. São mais de dezoito espécies sendo que sete delas só existem no Brasil e uma delas, a Musismilia braziliensis, é encontrada, além de Abrolhos em outras poucas regiões no litoral sul do estado da Bahia, não sendo encontrada em outro local do mundo;

• todos os peixes que habitam o Atlântico sul podem ser ali encontrados;

• é a única área do Atlântico sul para onde as baleias Jubarte migram entre os meses de junho a novembro para reproduzir-se, fugindo assim do inverno antártico;

• possui um valor histórico, cultural e social enorme, além de um grande potencial turístico, devido sua beleza cênica.

Hoje Abrolhos se tornou um grande berçário pois, por se tratar de um local seguro para a procriação de inúmeras espécies, acabou por assegurar a presença delas do lado de fora dos limites do Parque, mantendo assim a pesca ativa nesses locais, principalmente a artesanal que serve como meio de subsistência à boa parte da população.

Além de tudo isso, é embaixo d’água que Abrolhos esconde as maiores surpresas: águas claras de temperatura amena, naufrágios e grande diversidade de fauna marinha fazem de lá um dos melhores locais para a prática do mergulho em todo o mundo.


JORNAL DAS PRAIAS VIVA 72 ANOS DE IBICARAÍ

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