A Arena Fonte Nova, abençoada com gols para todo lado
Quando um mesmo estádio, em três jogos, consegue ser o palco de gols o bastante para formar um compilado como o do vídeo ao lado, não é possível achar que se trate de apenas mais um lugar. Até agora, na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, quem pisou na Arena Fonte Nova, em Salvador, foi para presenciar goleada: os históricos 5 a 1 da Holanda sobre a Espanha, a surra da Alemanha por 4 a 0 em Portugal e os 5 a 2 da França na Suíça.
Entre os estádios que receberam mais de um jogo de Copa, até hoje, a média atual da Fonte Nova, de 5,66 gols por jogo, é a terceira maior da história: fica atrás apenas dos 7,33 gols/jogo do estádio suíço de St. Jakob, na Basileia, e do Idrottsparken de Gotemburgo, na Suécia, que tem 6,33 gols/jogo. Numa era de marcação mais cerrada e preparo físico que deixa menos espaços no campo, estamos falando de uma marca simplesmente sobrenatural. Parece que uma entidade superior apontou o dedo para a Fonte Nova e abençoou aquele território. Mas só parece?
"Quem conhece a Bahia, a alegria contagiante de sua gente e a energia que parece brotar em cada canto de suas terras, não se surpreende com a bênção do maior número de gols desta maravilhosa Copa e com alguns dos seus melhores e mais disputados jogos”, comenta ao FIFA.com o governador da Bahia, Jaques Wagner. “É como se todos os santos do mundo e deuses do futebol aqui viessem para se juntar a essa torcida que é, sem dúvida, a mais empolgante de todo esse imenso e belo Brasil.”
Entre os estádios que receberam mais de um jogo de Copa, até hoje, a média atual da Fonte Nova, de 5,66 gols por jogo, é a terceira maior da história: fica atrás apenas dos 7,33 gols/jogo do estádio suíço de St. Jakob, na Basileia, e do Idrottsparken de Gotemburgo, na Suécia, que tem 6,33 gols/jogo. Numa era de marcação mais cerrada e preparo físico que deixa menos espaços no campo, estamos falando de uma marca simplesmente sobrenatural. Parece que uma entidade superior apontou o dedo para a Fonte Nova e abençoou aquele território. Mas só parece?
"Quem conhece a Bahia, a alegria contagiante de sua gente e a energia que parece brotar em cada canto de suas terras, não se surpreende com a bênção do maior número de gols desta maravilhosa Copa e com alguns dos seus melhores e mais disputados jogos”, comenta ao FIFA.com o governador da Bahia, Jaques Wagner. “É como se todos os santos do mundo e deuses do futebol aqui viessem para se juntar a essa torcida que é, sem dúvida, a mais empolgante de todo esse imenso e belo Brasil.”
De onde vem tanta bênção
Durante os longos anos em que o regime de escravidão era, lamentavelmente, algo institucionalizado no Brasil, a Bahia era um dos principais pontos de chegada de navios negreiros vindos da África. Não era só a liberdade de ir e vir que era negada a esses escravos: entre as tantas restrições, estava também a de culto religioso. Os africanos eram absolutamente proibidos de professar sua fé e de, por exemplo, venerar os orixás - deuses dos iorubás que representam elementos fundamentais da natureza.
Acontece que um grupo desses africanos decidiu arranjar uma maneira de driblar a proibição institucional. Para cada orixá, encontrou-se um santo correspondente na Igreja Católica – que, durante todo o período da escravidão, foi a religião do Estado. Era assim que a Bahia, e especificamente Salvador, se tornava um epicentro de sincretismo religioso: uma fusão entre elementos do candomblé e do catolicismo. O tempo passou, mudanças aconteceram e, em 1888, a escravidão foi abolida. E, então, entre as duas religiões, o que a Bahia fez? Ficou com ambas.
Não se trata de uma questão demográfica: os adeptos da umbanda e do candomblé são minoria também entre os baianos. Mas a herança cultural criada durante o tempo da escravidão permaneceu para sempre como um marco do estado e, principalmente, de Salvador. Dos terreiros às fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, boa parte das tradições e atrações turísticas da capital baiana estão diretamente relacionadas às religiões africanas e a como foram assimiladas pelo catolicismo – quando não unidas a ele. Não pode ser por acaso, afinal, que a cidade esteja cravejada justo na Baía de Todos os Santos. Mas todos mesmo.
Basta olhar para fora, das arquibancadas da própria Arena Fonte Nova: flutuando no espelho d’água do Dique do Tororó estão oito esculturas de orixás - Oxum, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxalá, Iemanjá, Nanã e Iansã. Já nem tem a ver com uma religião ou outra: Salvador é mística, para todos, e tem sido abençoada com a melhor dádiva para quem gosta de futebol: gols. A grande provação, então, virá nesta quarta-feira, quando o encontro é entre Bósnia e Herzegovina e Irã - que, juntos, em duas rodadas, somam um gol; média de 0,25 por partida. Haja bênção, de quem quer que ela seja.
Durante os longos anos em que o regime de escravidão era, lamentavelmente, algo institucionalizado no Brasil, a Bahia era um dos principais pontos de chegada de navios negreiros vindos da África. Não era só a liberdade de ir e vir que era negada a esses escravos: entre as tantas restrições, estava também a de culto religioso. Os africanos eram absolutamente proibidos de professar sua fé e de, por exemplo, venerar os orixás - deuses dos iorubás que representam elementos fundamentais da natureza.
Acontece que um grupo desses africanos decidiu arranjar uma maneira de driblar a proibição institucional. Para cada orixá, encontrou-se um santo correspondente na Igreja Católica – que, durante todo o período da escravidão, foi a religião do Estado. Era assim que a Bahia, e especificamente Salvador, se tornava um epicentro de sincretismo religioso: uma fusão entre elementos do candomblé e do catolicismo. O tempo passou, mudanças aconteceram e, em 1888, a escravidão foi abolida. E, então, entre as duas religiões, o que a Bahia fez? Ficou com ambas.
Não se trata de uma questão demográfica: os adeptos da umbanda e do candomblé são minoria também entre os baianos. Mas a herança cultural criada durante o tempo da escravidão permaneceu para sempre como um marco do estado e, principalmente, de Salvador. Dos terreiros às fitinhas do Nosso Senhor do Bonfim, boa parte das tradições e atrações turísticas da capital baiana estão diretamente relacionadas às religiões africanas e a como foram assimiladas pelo catolicismo – quando não unidas a ele. Não pode ser por acaso, afinal, que a cidade esteja cravejada justo na Baía de Todos os Santos. Mas todos mesmo.
Basta olhar para fora, das arquibancadas da própria Arena Fonte Nova: flutuando no espelho d’água do Dique do Tororó estão oito esculturas de orixás - Oxum, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxalá, Iemanjá, Nanã e Iansã. Já nem tem a ver com uma religião ou outra: Salvador é mística, para todos, e tem sido abençoada com a melhor dádiva para quem gosta de futebol: gols. A grande provação, então, virá nesta quarta-feira, quando o encontro é entre Bósnia e Herzegovina e Irã - que, juntos, em duas rodadas, somam um gol; média de 0,25 por partida. Haja bênção, de quem quer que ela seja.
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