O convite para a comemoração foi feito a
Alba justamente pela importância de destacar uma artista negra que em
toda a sua trajetória tem fortalecido os laços simbólicos entre o Brasil e
partes da África.
Alba Cristina
despontou na cena artística grapiúna durante a década de 1980. Trabalhou ao
lado de grandes nomes do teatro, como o lendário diretor, ator e coreógrafo
Mário Gusmão, que criou e dirigiu o grupo "Em Cena", que revelou
nomes como Jackson Costa e Carlos Betão.
Nos anos seguintes, atuou no cinema, em
trabalhos como "Palavra e Utopia", do consagrado cineasta europeu
Manuel de Oliveira e no premiado "A Coleção Invisível", estrelado por
Walmor Chagas e Vladmir Britcha e dirigido por Bernard Attal. O longa ganhou o Festival de
Gramado 2013 e no mesmo ano foi destaque na Feira do Livro de Frankfurt.
No mês de Julho deste ano Ya Darabi,
convidada pelo atuante produtor cultural Joel Ferreira foi à Europa onde se
apresentou no Festival Brassevecka na Suécia, encantando uma calorosa platéia e
recebendo elogios dos suecos e turistas.
Já a
Alemanha entrou na rota dessa fiha de Oxóssi em Agosto de 2015, sendo porta de
entrada a cidade de Hamburgo. O professor e produtor cultural Carlos Berg
Guerra elaborou uma programação cultural-acadêmica à altura da Yalorixá. À
época, Alba Cristina realizou a Roda de Conversa "Energias da Natureza:
Orixás e suas Histórias". O objetivo da atividade foi socializar histórias
da tradição oral, dessa forma contribuindo para a valorização das expressões
culturais da diáspora africana no Brasil. A partir dessa experiência surgiu a
ideia de fortalecer o intercâmbio cultural, ficando a promessa de breve retorno
de Alba Cristina.
Durante a Roda de Conversa também foi
apresentado aos alemães o projeto sociocultural AMata, do qual Alba
Cristina é a coordenadora. O projeto AMata é desenvolvido na comunidade Banco
da Vitória, em Ilhéus, com a participação de associados e filhos do terreiro
Odé Aladé Ijexá. O propósito é difundir a cultura afro-brasileira, resgatando e
valorizando saberes depreciados pelo preconceito racial, promovendo desde a
imagem da mulher e do homem negro, quanto a reflexão sobre o combate à
violência e ao racismo.
Trinta anos de resistência artística e
vivência religiosa – primeiro como filha do Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon e agora
como ialorixá do Terreiro Odé Aladé Ijexá – deram a Alba Cristina assento
permanente entre os grandes nomes da cultura do sul da Bahia. Seu trabalho está
registrado também na produção de inúmeras peças publicitárias da região e
outras partes da Bahia, Itália, Dinamarca, Alemanha, Áustria, Argentina e
Suécia.
Texto: Daniela
Galdino/Carlos Berg
Foto:
Roberto de Brito,