Se você fosse o técnico de uma seleção que se apresenta para disputar uma Copa do Mundo da FIFA, o que preferiria para sua equipe: chegar à competição no auge do rendimento ou alcançá-lo ao longo do torneio?
O debate tem muitas facetas e é provável que gere opiniões bem diferentes. No entanto, logo vem a realidade e é preciso se adaptar a ela. É nesse ponto que está a Argentina de Alejandro Sabella, que parece vir em alta no Brasil 2014, justo antes do compromisso pelas oitavas de final contra a Suíça.
Após a cambaleante estreia contra a Bósnia e Herzegovina e uma angustiante vitória pouco convincente diante do Irã, a Alviceleste mostrou seu melhor jogo no 3 a 2 sobre a Nigéria, triunfo que lhe possibilitou ser campeã do Grupo F com 100% de aproveitamento.
"Precisamos ficar felizes com os resultados, não é fácil fazer nove pontos em nove em uma Copa", diz o experiente lateral Pablo Zabaleta à FIFA. "Mas o importante é que melhoramos ao longo da competição. Contra a Nigéria, jogamos melhor que nas partidas anteriores, e esse é o caminho a seguir, porque agora qualquer erro te deixa fora", acrescenta o defensor do Manchester City, de 29 anos.
Fernando Gago concorda com a análise, contribuindo com uma informação interessante. "O segredo para crescer em um torneio é aprender com seus erros, e isso já fizemos. Fomos crescendo pouco a pouco e agora já estamos em uma fase na qual os adversários não podem pensar que um ponto é suficiente. Assim, vamos encontrar mais espaços e, com eles, o melhor da Argentina será visto", explica o volante, que fez sua 52ª partida com a camisa da seleção diante dos africanos.
Assunto pendenteIndependentemente da evolução apontada pelos dois jogadores, companheiros de façanhas argentinas como as conquistas da Copa do Mundo Sub-20 da FIFA 2005 e do Torneio Olímpico de Futebol de Pequim 2008, fica claro que o rendimento da linha defensiva continua sendo o centro das atenções da equipe e dos adversários. Para muitos, o conjunto sofre cada vez que os rivais chegam.
"Acho que estávamos indo bem", se defende Zabaleta. "Pelo nosso estilo, é claro que às vezes deixamos muitos espaços atrás para o contra-ataque, e isso nunca é fácil para um zagueiro. Mas é nossa filosofia de jogo. Já estamos atuando assim há dois anos, com bons resultados", completa o lateral, que disputará contra a Suíça sua 40ª partida pela Argentina.
Como integrante da primeira linha de marcação de um meio-campo com clara vocação ofensiva, Gago também defende tanto o esquema defensivo quanto os companheiros. "Ouvi críticas pelos gols da Nigéria, mas os dois saíram em contra-ataques estranhos. No segundo, aliás, acho que eu chutei a bola para trás tentando tirá-la de um adversário".
Zabaleta e Gago estão certos. Revendo as imagens dos dois últimos encontros, enquanto o Irã soube aproveitar os espaços dos quais fala o defensor, transformando em grande nome do jogo o goleiro Sergio Romero, o panorama contra a Nigéria foi diferente. Na verdade, nos dois gols houve um grande mérito de Ahmed Musa: no primeiro, ele define em um chute no canto oposto diante de cinco marcadores argentinos, que voltavam para cobrir o contra-ataque; no segundo, recebe a bola no corte errado que Gago mencionou.
Ainda assim, os dois estão avisados em relação aos pontos fortes de Suíça. "Ela tem atacantes muito rápidos, e precisaremos ficar atentos. Mas nós também temos os nossos, e nosso estilo pode complicar para eles", lembra Gago. "Teremos que manter a concentração. Aqui não tem jogo fácil. É só ver quem foi eliminado e alguns dos que continuam na corrida. E todos querem jogar a final. Tomara que possamos dar o primeiro passo contra a Suíça", conclui Zabaleta.