Qualquer torcedor costarriquenho que se orgulhe da seleção tem estas imagens gravadas na cabeça. O chute de Thomas Ravelli interceptado por Alexandre Guimarães. A bola chegando a Hernán Medford. A arrancada de Medford diante do goleiro sueco. A definição cruzada de direita. A bola entrando na rede.
Esse gol do 2 a 1 contra a Suécia na Itália 90 marcou o triunfo mais importante da história do futebol costarriquenho. O tento levou o país às oitavas de final da Copa do Mundo da FIFA pela primeira e única vez na história. E era isso que todos os jogadores da seleção sonhavam em repetir. Pois hoje a Costa Rica conseguiu se superar, e os protagonistas da façanha contam ao FIFA.com tudo por trás da vitória de 3 a 1 sobre o Uruguai.
Grandes lembranças, grande motivação
O primeiro a tomar a palavra é Óscar Duarte, zagueiro esguio e autor do segundo gol. O número 6 costarriquenho reconhece a influência da geração de 1990 sobre o que ocorreu em Fortaleza. "Naquela época eu tinha apenas um ano, mas todos conhecem a história. Também tive treinadores que participaram daquele Mundial como jogadores e que me contaram. É uma grande motivação."

Mas não é só isso. Aquela vitória sobre a Suécia tem um significado quase místico para o povo costarriquenho, e Duarte explica até onde chega a lenda. "Um filme foi feito na Costa Rica para reviver a história. Pegamos coisas desse filme para colocar em prática em campo, e isso nos foi útil especialmente no aspecto emocional. Se uma seleção costarriquenha já conseguiu, por que não nós?"

Quem concorda é Joel Campbell, autor do gol de empate da seleção contra o Uruguai e Craque do Jogo Budweiser. Para ele a geração de 1990 é uma motivação a mais. "Antes deste Mundial decidimos que o nosso lema era escrever a nossa própria história e superar o feito do passado. Esse foi o ponto de partida hoje."
Tirar um peso das costas
Para os costarriquenhos, ganhar o jogo contra o Uruguai significou repetir o feito da geração de ouro, mas também tirar um peso das costas. "A verdade é que foi um peso carregado por muito tempo por muitas gerações", diz Cristian Bolaños, um dos jogadores mais importantes na vitória contra o Uruguai. "Todas as seleções eram comparadas àquela, e não era fácil. Tinham de lutar contra os rivais, mas também contra as próprias lembranças."
É por isso que a vitória foi ainda mais especial. O próprio camisa 7 da seleção costarriquenha expressa a satisfação por poder causar as mesmas sensações dos seus ilustres antecessores. "Eu era muito pequeno, tinha apenas seis anos, mas tenho lembranças das celebrações e das pessoas comemorando na rua. Fico muito alegre de pensar que causamos esse mesmo entusiasmo."

Agora que ficaram para trás os fantasmas do passado, o céu é o limite para esta seleção de guerreiros. "Estamos muito contentes, mas não vamos perder o objetivo", assinala Michael Umaña, autor do terceiro gol. "A história diz que o melhor desempenho da Costa Rica foi a chegada às oitavas de final, e nós queremos estar lá também. Este grupo é complicadíssimo e os próximos adversários são de alta qualidade, o que nos ajudará a manter a concentração."
É precisamente o terceiro gol que ficará gravado na memória dos torcedores. De novo um passe longo, uma arrancada e uma definição cruzada. E a jogada certamente inspirará milhares de jovens costarriquenhos, assim como fez aquele gol de Medford, com a diferença de que nesta ocasião a história ainda não acabou de ser escrita.