A história de Oscar, o meia que responde em campo
O meia Oscar não é dos jogadores mais falantes ou extrovertidos da Seleção Brasileira. Daí que, no período de preparação para a Copa do Mundo da FIFA 2014, ele ouviu, ouviu e ouviu. Sobre como não havia terminado bem seu ano pelo Chelsea, que estava distraído pela iminência do nascimento de sua filha Júlia, agora de 10 dias, e que seu lugar entre os titulares estava ameaçado.
A resposta ele guardou para dar em campo. Na tensa vitória de virada sobre a Croácia, o atacante Neymar brilhou com dois gols e foi eleito o Craque do Jogo Budweiser, mas o jovem camisa 11 não ficou muito atrás, como disse o próprio Luiz Felipe Scolari. A única pessoa para quem o jovem estreante em Copas devia algum tipo de satisfação. “Não tinha que provar nada para ninguém. Se tivesse, só para o Felipão, e ele dava toda a confiança do mundo para mim”, afirma ao FIFA.com, quando questionado sobre o zum-zum-zum.
Oscar, 22, não só completou o placar de 3 a 1, como foi a figura mais criativa da equipe anfitriã, atacando pelos flancos ou pela faixa central. Contra um meio-campo badalado e competitivo, de Luka Modric e Ivan Rakitic, também incomodou na marcação – algo que pode passar despercebido devido ao físico esguio. Alguém realmente queria ver esse talento no banco?
Felipão, que não. Conhecido por seu trabalho interno, no contato diário com os atletas, o treinador teve a oportunidade perfeita para externar seu apoio após a grande apresentação do pupilo. Ainda na Arena de São Paulo, com o país inteiro atento, não economizou nas palavras. "Nosso scout depois do jogo mostra que ele foi o que mais roubou bolas. Foi quem mais criou pelo lado direito. Teve dribles e muitas jogadas. E esse jogador de um dia para o outro não ia desaprender. Foi dado ao Neymar o prêmio. Se tivesse outro, seria para ele", afirmou.
Nos treinos em Teresópolis, o técnico foi constantemente sondado sobre o aparente crescimento de Willian nos amistosos, nos quais foi acionado no segundo tempo com sucesso. A impressão era a de que a troca seria imediata. Só se fosse externa. “Aqui não tinha discussão nenhuma”, disse Scolari.
Considerando o que Oscar apresentou contra os croatas, toda a discussão pré-Copa perdeu todo o sentido. Reparem no vídeo acima: no primeiro gol de Neymar, é Oscar quem briga pela bola e a entrega. No segundo, foi dele o passe para Fred. Até que veio o terceiro. Com uma finalização que deixaria um antigo camisa 11 brasileiro orgulhoso.
“É, foi de bico, mesmo. Foi à la Romário. Nessa hora, vale de qualquer jeito”, confirma, antes de dar mais alguns detalhes intrigantes sobre o lance. Um, que vem de longa data: o tanto de futsal que já praticou. Segundo, algo momentâneo: era finalzinho de jogo, e sentia câimbras nas duas pernas – tinha de encurtar o movimento. “A maioria do nosso time jogou futsal, e a gente aprende a dar de bico. Foi o único recurso que restou.”
Fosse num jogo-teste, talvez ele nem tivesse concluído a jogada. “Lógico que nos amistosos a gente vai um pouquinho mais relaxado, e tal. Mas na Copa do Mundo é diferente, e eu mostrei isso”, diz, para, então, mandar seu recado. “Não só para o Felipão, como para todo mundo aí.”
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