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Luiz Felipe Scolari tomou a palavra na abertura de sua última entrevista coletiva antes da disputa da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e, depois de agradecer o apoio da presidenta Dilma Rousseff e de outras autoridades e do público em geral, anunciou: “Chegou a hora”.
Sentado ao seu lado, respondendo mais tarde, Neymar repetiu as palavras de seu treinador e afirmou que se sentiu arrepiado. Mas foi passageiro: apenas aquela emoção, a realização de que, no dia seguinte, começaria um sonho, segundo indicou. O craque, grande aposta da Seleção, estava falante, tranquilo. Pronto.
Foi essa a observação que o coordenador técnico da Seleção, Carlos Alberto Parreira, fez aoFIFA.com, em uma conversa na beira do gramado da belíssima Arena de São Paulo, palco de Brasil x Croácia, nesta quinta. O veterano de múltiplas Copas no currículo usou a imagem que o atacante passou durante a coletiva como exemplo sobre o astral hoje predominante no grupo.
“Todo mundo me pergunta sobre o Neymar, como ele está, que só tem 22 anos. Mas você viu como ele está. Apreensivo? Nada, e o jeito como ele estava aqui é o que se vê no dia a dia da concentração, descontraído”, afirmou. “Não parece nem que ele vai disputar uma Copa do Mundo no Brasil, com o mundo esperando que ele seja o melhor. Isso que nos dá a tranquilidade de que ele pode jogar, sim, num alto nível.”
Para Parreira e a comissão técnica, não se trata de um episódio isolado dentro de um grupo de 23 atletas que encaram a responsabilidade de serem os anfitriões no maior torneio de futebol do mundo justamente naquele país que se auto-intitula patrono do esporte. O time inteiro estaria nessa sintonia.
O experiente Daniel Alves, em entrevista à FIFA na véspera, já havia apontado nessa direção. “Não acho que exista muita pressão. O desejo e o entusiasmo que temos em encarar esse desafio é maior do que qualquer dificuldade que possamos ter. Vamos para a Copa do Mundo com essa atitude.”
Esse é o tipo de discurso que soa positivamente para os comandantes da Seleção. “A grande diferença é que, quando começamos o trabalho há um ano e meio, havia uma certa insegurança”, diz Parreira. “Nós temos agora um time confiante, com uma maneira definida de jogar. Que pode crescer na competição e ganhar o título.”
A proposta definida começa pelo alvoroço que a Seleção pretende causar em seus adversários, a partir do apito inicial. Fórmula que já deu resultados, embora não seja o único modo de se buscar a vitória. “O abafa é uma maneira de ser protagonista, tomar iniciativa. Mas a Seleção está preparada para outras soluções. Não é só o abafa – essa é só uma maneira de jogar, e boa. Às vezes dá certo, às vezes não”, afirma o coordenador.
A Seleção está desta forma, de cabeça erguida. Mas, pelo comportamento dos jogadores em treinos duros na Granja Comary e nas entrelinhas de suas diversas entrevistas antes da grande estreia, não se detecta o menor sinal de soberba. “Ganhamos algo muito mais importante do que um troféu em 2014, e foi a recuperação da confiança do povo em nosso futebol. Mas não comemoramos muito, porque estamos concentrados no próximo alvo, que vai começar logo, logo”, diz Alves. Por "logo, logo", entenda-se: realmente daqui a pouco. Mas sem perder a calma.
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