“Sejamos, junto aos irmãos brasileiros, inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso, que o nosso povo tanto almeja e merece, dedicando-nos, inteiramente, à defesa da soberania nacional e ao bem do nosso amado país.” Foi assim, sem deixar espaço para interpretações golpistas, que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, se manifestou ontem em cerimônia do Dia do Soldado. Foi a primeira vez que falou em público desde que as ameaças do presidente Jair Bolsonaro se agravaram. E não foi a única má notícia do dia para o presidente, que sofreu derrotas em quase todas as frentes de conflito que abriu. Duas de suas demandas mais apregoadas, o impeachment no Senado do ministro do STF Alexandre Moraes e a ação para que o Supremo não abra investigações sem aval da Procuradoria-Geral da República, morreram sem nem chegar perto da praia. (Globo) Aliás... Até a noite de terça-feira havia previsão de Bolsonaro discursar no evento, mas na última hora o cerimonial avisou que ele havia desistido, como conta o Radar. Temia-se que ele usasse a presença dos comandantes militares para novos ataques às instituições. Não se sabe se ele teve acesso antecipado ao discurso de Nogueira — mas ouviu o general calado. (Veja) Mas não por isso... Bolsonaro pediu ainda um favor pessoal a Paulo Sérgio. Que sua filha Laura, de 10 anos, seja dispensada da prova de seleção para o Colégio Militar de Brasília e ganhe uma das 15 vagas disponíveis para o sexto ano em 2022. (Poder 360) Não foi por falta de aviso. Quando Bolsonaro anunciou que pediria ao Senado os impeachments dos ministros do STF Alexandre Moraes e Luís Roberto Barroso, quase todos seus assessores tentaram dissuadi-lo. Quando finalmente pediu o afastamento apenas de Moraes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que não via fundamento, mas iria analisar. STF, partidos e entidades da Justiça partiram em defesa do ministro. Ontem Pacheco rejeitou o pedido, dizendo não haver justa causa e pedindo mais uma vez a pacificação na relação entre os Poderes. (G1)Ali do lado, no STF, o ministro Edson Fachin arquivou a ação de Bolsonaro, via Advocacia-Geral da União, contra um item do Regimento da Corte que permite a abertura de inquéritos de ofício, sem aval da Procuradoria-Geral da República. É o caso da ação contra as fake news, comandada por Moraes e que tem fustigado aliados do presidente. Fachin usou de uma tecnicalidade, afirmando que o instrumento usado pela AGU não se prestava a esse tipo de ação. (Metrópoles) Vera Magalhães: “Rodrigo Pacheco não precisaria rejeitar agora o pedido de impeachment apresentado por Bolsonaro contra Moraes. Mas ele decidiu arquivar de forma inequívoca e quase sumária um pedido pelo qual Bolsonaro se empenhou pessoalmente. Por quê? Porque quer esvaziar os atos golpistas do Sete de Setembro. O presidente do Senado manda um recado inequívoco a Bolsonaro: chega de brincadeira com a democracia, presidente.” (Globo) A única boa notícia para o presidente veio do STJ. O ministro João Otávio de Noronha suspendeu a análise da denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) por suposto envolvimento num esquema de rachadinhas quando era deputado estadual no Rio. Fabrício Queiroz e outros 15 acusados também foram beneficiados. Segundo Noronha, a retomada da ação, determinada por uma desembargadora do Rio, dificulta a defesa, já que parte das provas foi anulada pelo próprio STJ. (Poder360) Um item incluído na última hora no projeto de reforma no Código Eleitoral na Câmara dá um golpe de morte nos planos eleitorais do ex-ministro Sérgio Moro, assim como nos de um sem número de candidatos fardados. A proposta da deputada Soraya Santos (PL-RJ) estabelece que magistrados, integrantes do MP, policiais e militares só podem se candidatar a cargos eletivos cinco anos após deixares os postos definitivamente. Moro deixou a magistratura em novembro de 2018 para ser ministro da Justiça de Bolsonaro. Sua esperança é de que a mudança, se aprovada, não seja sancionada até o início de outubro, prazo para entrar em vigor no ano que vem. (CNN Brasil) Meio em vídeo. Os jornalistas Cora Rónai e Pedro Doria discutem como as novas ditaduras buscam restringir os acessos e alcance da população e como a internet é uma aliada para os que vivem sobre esses regimes. Confira no YouTube. |
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