quinta-feira, 18 de maio de 2023

COLUNA WENSE, QUARTA, 17 DE MAIO DE 2023.

Marcos Wense

A PEC DO PRECONCEITO

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que acaba de ser aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, que protege quem cometeu delitos eleitorais, oxigena a opinião de que o crime compensa. 

Em 1762, Jean-Jacques Rousseau já dizia, no seu livro Contrato Social, que terminou influenciando a revolução francesa de 5 de maio de 1789, que "o inimigo do interesse público é quem deve perecer diante do Estado".  

Rousseau era ferrenho defensor de que a soberania da sociedade, da vontade política da maioria coletiva, tem a prevalência sobre o Estado. Essa PEC é rejeitada pela maioria esmagadora do eleitorado. Estão rasgando o contrato social de Rousseau. 

Em nome da governabilidade e do enraizado corporativismo nas duas Casas Legislativas do Congresso Nacional - Câmara dos Deputados e Senado da República -, os crimes serão perdoados, jogados para debaixo do tapete da impunidade. 

Entre os delitos, que são muitos, os que mais se destacam são os relacionados com as irregularidades na prestação de contas das agremiações partidárias e o descumprimento das cotas de gênero e raça. 

A não prestação das contas do dinheiro do fundo eleitoral, que é dindin do povo brasileiro, portanto dos cofres públicos, é um escândalo. No tocante as cotas, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) tem toda razão quando diz que "a PEC é um retrocesso para as mulheres e para os negros brasileiros. Depois de anos de lutas e conquistas judiciais e no âmbito do Parlamento, essa PEC é passar por cima de toda discussão e legislação conquistada. É um absurdo", declara Sâmia.

Essa PEC, pondo fim nas sanções aos partidos que burlaram a destinação de valores mínimos para as candidatas mulheres e os negros, é a prova inconteste de um Congresso Nacional preconceituoso.  

Vale lembrar, ao caro e atento leitor, que em 2022, a "irrisória" quantia dos cofres públicos destinada aos partidos foi de 6 bilhões. Isso mesmo. Vou repetir por extenso, com letras maiúsculas e em negrito : SEIS BILHÕES.  

Finalizo dizendo que até as freiras do convento das Carmelitas sabem porque as legendas não querem esclarecer o dinheiro do senhor João, de dona Maria, de fulano rico, de sicrano pobre, enfim, do povo brasileiro.

Enquanto a dinheirama corre solta, a miséria vai aumentando. Vidas humanas sendo ceifadas por falta de comida. Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, Amém, diria o saudoso, irreverente e polêmico jornalista Eduardo Anunciação.

E assim caminha a República, que mais parece uma republiqueta. Os "fantasmas" da Revolução Francesa se preparam para fazer uma visita ao Parlamento brasileiro.

SUCESSÃO MUNICIPAL

Rosalvo Borges Sales, assessor do ex-ministro João Roma, almoçou hoje com o médico Antônio Mangabeira, dirigente-mor do diretório municipal do Partido Liberal, e com o engenheiro civil e prefeiturável Chico França. Salta aos olhos que o assunto principal foi a sucessão de 2024. Rosalvinho, como é mais conhecido, ratificou, de maneira incisiva, sem deixar nenhum resquício de dúvida, que o candidato da legenda na disputa pela Prefeitura de Itabuna será o que Mangabeira indicar, conforme decisão de João Roma, ex-candidato a governador da Bahia e presidente estadual da legenda. França, cada vez mais entusiasmado com sua pré-candidatura, saiu satisfeito do encontro.

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