terça-feira, 5 de julho de 2022

Lula: “Não há avanço sem luta, e o povo é especialista na arte de lutar”

 


“É contra esse desgoverno e todo o mal que ele causa ao país e ao povo brasileiro que nós precisamos fazer a nossa nova independência”, afirmou Lula, em ato pelo 2 de Julho, neste sábado, em Salvador
 
foto: Ricardo Stuckert

"Combinamos crescimento econômico e inclusão social como nunca antes na história do Brasil”, afirmou Lula

Para festejar a histórica data do Dia da Independência do Brasil na Bahia, o ex-presidente Lula participou de ato público em Salvador, neste sábado (2). No evento, que contou com a presença de lideranças estaduais e dos partidos aliados que integram a frente Vamos Juntos pelo Brasil, Lula salientou a importância da Bahia na história nacional, sempre ao lado das lutas do povo brasileiro.

“Talvez em nenhum outro estado desse país o povo brasileiro tenha sido tão protagonista da sua própria história”, discursou Lula. “A independência não foi feita por um pacto entre as elites, ela foi conquistada, a duras penas, por negros, brancos, indígenas, mulheres e homens, que decidiram dar um basta à opressão”.

Lula citou movimentos históricos como a Conjuração Baiana, a Revolta dos Malês e a Guerra de Canudos, conflitos que colocaram a liberdade no centro das lutas populares do resto do país, como a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro e da Cabaganem, no Pará e a Balaiada, no Maranhão, entre muitas outras.

“Não pode haver avanço sem luta, e o povo brasileiro é um especialista na arte de lutar. Não há um único dia em que o nosso povo não seja obrigado a exercitar toda a sua extraordinária capacidade de resistência, sobretudo nesses quatro anos de desgoverno”, destacou Lula.

Lula afirmou que o atual governo está “em guerra” contra o povo brasileiro. “Uma guerra que tem como armas a fome, o desemprego, a inflação, o endividamento das famílias. Que aprofunda a desigualdade, destrói patrimônios, devasta o meio ambiente, ataca a ciência e a cultura, condena o Brasil ao atraso e ao isolamento internacional e coloca em xeque a democracia e a soberania”, elencou.

LEIA MAIS: Discurso de Lula no Ato de 2 de Julho, em Salvador (BA)

‘Uma guerra que tem como alvos preferenciais as mulheres, os negros, o jovem da periferia, os povos indígenas e a parcela mais pobre da nossa população”, apontou, reiterando que o atual governo não poupa ninguém: da classe média aos micro empreendedores e empresários comprometidos com a geração de empregos, todos são atingidos por um governo sem compromisso com o país.

“Lutar por uma nova independência é defender a Petrobras, a Eletrobrás e os Correios, empresas que foram construídas com o suor do povo brasileiro e são peças-chave para a nossa soberania”, defendeu.

Liderança das mulheres

Lula celebrou a liderança histórica das mulheres na luta pela libertação do povo baiano. “O lugar da mulher é onde ela quiser estar, na luta pela liberdade. Maria Quitéria, Maria Felipe e Joana Angélica representam, não só as mulheres baianas que lutaram pela independência do Brasil, mas também as mulheres brasileiras que hoje lutam o dia-a-dia de uma guerra injusta, recebendo menos salários que os homens na mesma função,  e cuidado dos filhos e netos”, definiu.

Lula chamou a atenção para mulheres que são “expostas ao machismo, ao feminicídio, aos estupros e outras formas de violência. Como as mulheres que são vítimas, todos os dias, no Brasil, como as que foram vítimas de assédio pelo presidente da Caixa Econômica”.  E defendeu uma participação igualitária das mulheres, seja nas profissões, ou na política.

Compromisso com quem mais precisa

Lula argumentou ainda pela implementação de um projeto inclusivo, com oportunidades de trabalho, acesso ao lazer e à cultura para todas as camadas da população, especialmente os jovens, para que possam sonhar com um futuro melhor. “Combinamos crescimento econômico e inclusão social como nunca antes na história do Brasil”, explicou Lula. “Mas é preciso fazer muito mais, até porque, tudo o que fizemos está sendo destruído pelo atual governo”.

Lula apontou que um governo de verdade deve sempre colocar o povo em primeiro lugar, sobretudo os que mais necessitam de um Estado acolhedor e inclusivo. “Nosso primeiro e mais urgente compromisso é com a imensa maioria da população brasileira”, prometeu.

“Aqueles que durante nossos governos conquistaram o direito de fazer pelo menos três refeições de qualidade por dia e ter uma vida digna, e que agora sofrem na fila dos ossos e dos caminhões de lixo”, salientou. “A retomada do crescimento, a geração de empregos e a inclusão social serão tarefas prioritárias em nosso governo”.

Reconstrução do Brasil

Presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann saldou o povo baiano por sua participação histórica na luta popular e o parabenizou pela demonstração de carinho com o ex-presidente Lula. “Sentimos a energia, a vibração, a vontade de ter Lula de novo comandando esse país”, celebrou.

“Estamos aqui com os companheiros de partido, sete partidos, juntos, que estão nesse movimento para reconstruir o Brasil. Vamos unir todas as forças que pudermos para tirar da cadeira da República esse traste que está sentado lá e que faz tanto mal ao povo brasileiro. O Brasil não merece Bolsonaro”, desabafou Gleisi.

Ela reafirmou a importância da disputa política na luta para vencer o fascismo. “Precisamos estar organizados, firmes, criar os comitês populares de luta, conversar com as pessoas, nos organizar nas ruas e nas redes. Cada um de vocês, que sabe a importância de Lula voltar, tem que ser um porta-voz dessa pré-campanha”.

“2 de outubro, partida dos tiranos”

Em discurso eufórico, o ex-governador Geraldo Alckmin e pré-candidato a vice-presidente fez referência ao Hino da Bahia. “2 de outubro, partida dos tiranos! 2 de outubro, chegada dos que vivem pela liberdade: Lula presidente!”, bradou Alckmin.

“Vivemos hoje no Brasil o mais cruel e desastroso governo da história”, lamentou Alckmin. “Triste período, mas iniciamos, a partir de hoje, uma caminhada. Que Deus ilumine a consciência de cada brasileiro e brasileira, para a que gente possa ter um novo período, com a volta de Lula à Presidência”.

O presidente Lula vai tirar o Brasil do Mapa da Fome e recolocá-lo no mapa do mundo. [Vai] atrair investimento, trazer emprego, oportunidade para a juventude, melhorar o salário mínimo, recuperar a vida da nossa população”, apontou Alckmin.

Encruzilhada

O senador e ex-governador da Bahia Jaques Wagner afirmou que o Brasil estará numa encruzilhada no mês de outubro, com dois caminhos a seguir: “A Bahia e o Brasil da esperança, da prosperidade, da solidariedade, do amor, da família, do carinho, da espiritualidade, ou o Brasil que desagrega, que contagia, que mata, que odeia, que fez, em apenas três anos, o número de fuzis nas mãos dos civis sair de 100 mil para 670 mil”, enumerou.

“Ele [Bolsonaro] não sabe distribuir livros, ele prefere distribuir armas, que são a única coisa que ele tem na cabeça”, definiu Wagner.

O senador reforçou o importante papel da Bahia na libertação do povo brasileiro. “Dom Pedro deu o grito, mas fomos nós baianos, negros, índios, cablocos, que colocaram para fora os portugueses que queriam manter o Brasil como colônia. Foi aqui onde mais se morreu pela independência, na batalha de Pirajá. Para nós, a verdadeira independência do Brasil é 2 de julho”.

Antes e depois de Lula

O governador da Bahia Rui Costa comparou o que era o estado antes da eleição de Lula em 2003 e o que passou a ser quando o petista deixou a Presidência. “Antes de Lula, a Bahia tinha uma universidade federal. Agora, a Bahia tem seis. Antes, tinha uma escola técnica federal. Depois dele, 36”, lembrou. “O Brasil espera muito da Bahia, Lula precisa da Bahia, dos baianos. A Bahia precisa de Lula”.

Costa frisou que os governos da Bahia seguiram o modelo de governo de Lula. “Governar é cuidar de gente, das pessoas”, resumiu. “Agora, a escola do pobre tem teatro, piscina, campo, educação profissional”, festejou. “O que você plantou na alma desse povo foi esperança”.

Aliança para pacificar o Brasil

O senador Otto Alencar (PSD-BA) destacou o papel essencial do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice-presidente do movimento Vamos Juntos pelo  Brasil. “Quando assisti o seu discurso no lançamento da pré-candidatura de Lula, vi a expressão de um brasileiro que estendeu a mão para fazer uma aliança com Lula para pacificar, harmonizar, encontrar um caminho de dar uma solução ao Brasil”, elogiou o senador.

Alencar também criticou Bolsonaro por mais uma tentativa de enganar o povo brasileiro com a aprovação de medidas tardias de benefícios sociais no Congresso. “Nenhum presidente passa 3 anos e seis meses, na torpeza, na malvadeza, fazendo o mal ao povo brasileiro, para se recuperar em três meses”, atacou.

“Quem tem fome, não pode sonhar”

Jerônimo Rodrigues, pré-candidato ao governo da Bahia pelo PT, afirmou que  em outubro o Brasil irá celebrar uma nova independência, iniciando um caminho para erradicar a fome, o desemprego e a inflação.

“É muito triste, machuca bastante a gente, ver quase 40 milhões de pessoas no Brasil, nossos irmãos, acordarem de manhã sem saber o que vão botar no prato dos filhos””, lamentou Jerônimo. “Ver, ler, ouvir a maldita fila da fome, do osso, do pé de galinha, isso não combina com o Brasil. É a fila da humilhação, da miséria. Quem tem fome, não pode sonhar, não tem força para lutar e trabalhar.É compromisso nosso resgatar a esperança, os sonhos, por educação, estradas, água, luz”, assegurou.

Ele lembrou do compromisso assumido e cumprido por Lula quando tomou posse, em 2003, de que todos os brasileiros deveriam ter três refeições ao dia. “O senhor vai ter, [Lula], de reler aquele parágrafo [do discurso de posse], em janeiro de 2023”, afirmou Jerônimo, reiterando que a Bahia estará ao lado do próximo presidente, lutando para vencer a fome. 

Da Redação

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