A TV 247 e o site Brasil 247 realizam neste mês de setembro de 2021 a Semana Paulo Freire, para comemorar o centenário de nascimento do educador e filósofo brasileiro, um dos intelectuais mais citados em estudos científicos na área de ciências humanas em todo o mundo. Apesar de sua obra, que inclui clássicos como a Pedagogia do Oprimido, ser um patrimônio da humanidade, Paulo Freire virou alvo recorrente da extrema direita brasileira. Certamente, os que o atacam desconhecem sua obra e por isso hostilizam o grande educador que se tornou um fetiche da extrema direita. Por quê? A resposta é complexa, e é preciso formulá-la, mas com certeza está ligada à natureza de seus conceitos, a de que a educação é, sobretudo, uma ferramenta de emancipação popular, com autonomia do saber por parte do educando. A extrema direita vê a educação como ferramenta de dominação, um meio para dotar o educando de técnicas que permitam a superexploração do trabalho, nada além disso. Por isso mesmo, o atual ministro da educação, Milton Ribeiro, defende uma política educacional que restrinja o acesso às universidades, como se estas devessem servir apenas às classes média e alta. Tive o privilégio de realizar uma das entrevistas que os editores de Paulo Freire consideram uma das mais importantes. Era repórter do jornal O Estado de S. Paulo, empresa de comunicação que era um de seus maiores críticos, e especialista na cobertura de Educação quando acertei com ele a entrevista. Paulo Freire colocou apenas uma condição: que a conversa fosse num almoxarifado da Secretaria de Educação. Fiz as perguntas que quis e os principais trechos da entrevista foram publicadas pelo jornal — talvez a contragosto dos proprietários do Estadão. Poucos dias depois, em editorial, o jornal voltou a criticar o educador, mas a entrevista já estava publicada, com grande repercussão. Neste encontro, pude testemunhar o compromisso de Paulo Freira com um Brasil verdadeiramente independente, o que só será possível com o povo plena e adequadamente educado, em que o saber seja uma construção que nasça de baixo e atinja seus pontos mais altos. Está na hora de rever os conceitos de Paulo Freire e jogar holofotes sobre sua rica biografia, desde sua experiência na pequena cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. Freire e sua equipe alfabetizaram 380 trabalhadores e estabeleceram um modelo que seria levado para todo o país. Uma das aulas foi prestigiada pelo presidente da República na época, João Goulart. O projeto foi abortado por tanques do Exército, que em 1964 participaram do assassinato da democracia no País. Freire foi preso e rotulado como comunista e subversivo. Mais tarde, exilou-se no Chile e depois morou na Inglaterra e Suíça, onde escreveu obras que foram publicadas em diversas línguas, inclusive hebraico. Mas não em português, inicialmente, pois seu nome era proscrito no Brasil e não havia espaço na ditadura de Salazar, em Portugal. Ainda assim, formatou cursos em países de língua portuguesa no continente africano. Freire recebeu 35 títulos de doutor honoris causa na Europa e no continente americano, assim como o Prêmio da Unesco da Educação para a Paz. Este gigante da Pedagogia precisa ser conhecido e, principalmente, reconhecido em sua terra. É o que nos propomos a fazer e, para isso, peço a sua colaboração no projeto de crowdfunding que estamos levantando. Orçamento
Os recursos serão usados para custear o documentário e a realização da Semana Paulo Freire e sua obra, com entrevistas na TV 247. Desde já, muito obrigado a todos vocês. Joaquim de Carvalho |
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