segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Com praias, cultura e história, Cuba quer atrair turistas
Daniel Thame
Com o esfacelamento da União Soviética, responsável por 85% do comércio externo de Cuba, no início dos anos 90 do século passado, o turismo deixou de ser uma opção para se transformar na única saída capaz de evitar a derrocada da ilha caribenha, o que significaria colocar um ponto final na Revolução Socialista comandada por Fidel Castro e Che Guevara.Fidel, por sinal, sempre foi contra a abertura de Cuba para o turismo, já que juntamente com o bônus da enxurrada de dólares e euros, vem o ônus do aumento da prostituição, das drogas e do risco do contato dos cubanos com o estilo de vida capitalista que para a maioria dos cubanos soa como a encarnação do inferno na terra.
O turismo começou como uma atividade tímida em Varadero, balneário localizado há cerca de 150 quilômetros de Havana, a capital cubana, banhado pelo estonteante mar do Caribe, com suas águas azul turquesa e praias de areia branca. Parcerias entre o Governo de Cuba e grupos espanhóis, como o Meliá, plantaram os primeiros resorts em Varadero, destinados basicamente a turistas europeus e canadenses (os norteamericanos, por conta de um bloqueio econômico brutal imposto pelos EUA depois que Fidel declarou o caráter socialista da Revolução, precisam fazer roteiros de malabarista para chegar à Ilha).
Duas décadas depois, Cuba se consolida como um dos principais destinos turísticos do Caribe. Varadero já rivaliza com Cancun, balneário mexicano, com cerca de 20 mil leitos de hotel, todos na categoria cinco estrelas e serviços all inclusive (hospedagem, refeições, bebidas, serviços de lazer/entretenimento). Varadero abriu o caminho e hoje os hotéis se estendem por Cayo Largo, Cayo Blanco, Cayo Villa Clara. Cayo Guillhermo, Holguim, Isla de La Juventud (ideal para mergulhos), Cinfuegos, Morón, Camaguey e Guardalavaca.
Os resorts oferecem todos os tipos de serviços: restaurantes, bares, danceterias, boutiques, quadras poliesportivas, academias de ginástica, lan house, veleiros, etc. Por cerca de 110 dólares (ou 100 CUCs, a prosaica e valorizadíssima moeda paralela que Cuba criou para o turismo) é possível nadar com golfinhos em pleno mar e depois comer lagostas num restaurante rústico na praia.
O PARAISO EM VARADERO
Varadero ainda dispõe de um aeroporto internacional e Cayo Santa Clara de um aeroporto nacional. A faixa litorânea destinada aos turistas é uma espécie de uma Ilha da Fantasia, reduto capitalista dentro de uma ilha socialista. Não havia outra saída: era entregar os anéis para não ter que entregar os dedos. Ou as mãos todas.
“É maravilhoso. Temos toda estrutura, serviços de alto nível e um mar lindo, sem contar com a simpatia dos cubanos, que estão sempre com um sorriso no rosto”, afirma o turista canadense Michel Hart, que acompanhado da mulher e dos três filhos, passa o terceiro verão seguido em Varadero. “Está melhor e mais barato do que Cancun. Os hotéis são magníficos, com inúmeras opções de lazer”, extasia-se a turista espanhola Manuela Rodrigues. O turismo no litoral de Cuba é, essencialmente, um turismo de família. Quem quiser agitação, que vá a Havana.
Os números mostram o acerto da abertura para o turismo. Cuba possui atualmente cerca de 62 mil leitos de hotéis (habitaciones) e recebe na temporada 2013 cerca de 2 milhões e 800 mil turistas. Desse total, 1 milhão e 100 mil turistas vem do Canadá, seguido de longe pelo Reino Unido com 150 mil turistas, Alemanha com 100 mil, México, Argentina, Italia e França com 80 mil turistas cada um. O Brasil ocupa um modesto 19º. lugar, com apenas 16 mil turistas visitando Cuba.
O turismo gera cerca de 100 mil empregos diretos e 300 mil empregos indiretos em Cuba, gerando uma receita anual de 2 bilhões e 200 milhões de dólares. O diretor comercial do Ministério do Turismo de Cuba, Jose Manoel Bisbé, explica que a Havanatur, agencia estatal de turismo, pretende ampliar o número de brasileiros na ilha, através de estratégias de marketing e do estreitamento das relações com os agentes de turismo. “Temos laços muito fortes com o Brasil e Cuba é um lugar que vale a pena ser visitada pelos brasileiros, seja pelas belezas naturais, seja pelo patrimônio histórico e cultural”, diz Bisbé.
CUBA E BRASIL
As novelas brasileiras são uma mania incontrolável em Cuba e atualmente está no ar “Avenida Brasil”. Os cubanos param para se envolver com a engraçada família de Tufão e as maldades de Carminha. A Cubana Aviacion acaba de retomar o vôo semanal São Paulo-Havana, com saída às quintas-feiras do aeroporto de Congonhas e escala em Caracas, na Venezuela.
Bisbé revela ainda que novos hotéis estão sendo construídos e/ou em fase de conclusão, aumentando a capacidade de hospedagem e que o Ministério do Turismo pretende diversificar as atividades turísticas, hoje concentradas no litoral, que responde por 80% do movimento. Uma das alternativas é o “turismo de saúde”, para pessoas que desejam fazer tratamento médico no país. Outra é o turismo cultural, em cidades com Santa Clara, onde está o memorial em homenagem a Che Guevara, Remédios, Santiago, Trinidad, Pinar del Rio e Havana. Também está prevista a construção de novos shoppings centers em Varadero e Havana.
O diretor do Ministério de Turismo reconhece que é preciso investir nas telecomunicações. Fazer uma ligação telefônica para o exterior é difícil e caríssimo (cerca de 12 reais o minuto, para o Brasil) e acessar a internet é quase como ganhar na loteria.
Fazer turismo em Cuba é relativamente barato. Um pacote de uma semana em Varadero, com voo São Paulo-Havana, translado, hospedagem em hotel all inclusive e tour de um dia em Havana, custa em torno de três mil reais. É mais barato do que um pacote idêntico em qualquer capital nordestina. E, quesito importante, é absolutamente seguro. Em qualquer cidade cubana, Havana incluída, é possível passear a qualquer hora do dia e da noite sem correr o menor risco de ser assaltado.
Em Havana, o máximo que pode ocorrer é ser abordado por um vendedor de charuto do mercado negro. Esses estão por toda a parte, mas não são inconvenientes e já fazem parte da paisagem.
O turismo foi, inevitavelmente, a saída para tirar a economia de Cuba da UTI. Hoje, abre as portas para quem quer conhecer um país único na história da América Latina, a ilha de onze milhões de habitantes, que há mais de meio século encara com altivez a maior potência do planeta, localizada a algumas dezenas de milhas de distância.
Ou apenas para se divertir em meio às paisagens exuberantes, praias paradisíacas e um clima de alegria, sensualidade e musicalidade que só o Caribe sabe produzir e que Cuba sintetiza como ninguém.
O jornalista Daniel Thame visitou Cuba a convite da Havanatur,
agência de turismo do governo cubano
O XVII ENCONTRO BAIANO DOS ESTUDANTES DE LETRAS
Vai dá continuidade a uma série de outros eventos do mesmo gênero que, há dezessete anos, integra discentes e docentes do curso de Letras de todas as Instituições de Ensino Superior (doravante IES) baianas. Trata-se de um evento organizado por docentes e discentes de uma IES baiana com o objetivo de fomentar produção intelectual científica e discussões político-acadêmicas.
No Brasil, várias regiões e estados realizam seus encontros e promovem discussões que refletem os objetivos dos cursos de Letras no Brasil, para além de uma postura metodológica tradicional, enfocando atitudes e posturas político-acadêmicas críticas. De tais posturas é possível destacar: formação de professores, política de línguas, análise do discurso literário, crítica literária, objetivos do ensino/aprendizagem, entre outros. Assim, não se trata de um evento meramente político ou acadêmico, mas a integração de duas categorias que não costumam se misturar na universidade. A primeira abordagem, a política, é advinda do movimento estudantil e é relegada a segundo plano no ambiente acadêmico, cumprindo uma tarefa secundária, mesmo tocando diretamente a realidade sócio-histórica de cada indivíduo na universidade; a segunda abordagem, a acadêmica, ocupa primeiro lugar na Academia, mas não dá conta da tarefa de se estender à sociedade e procurar entender, ao lado da prática e da materialidade histórica, o funcionamento da linguagem e a práxis discursiva e histórica que a rodeia. A estrutura dos encontros, entretanto, materializa-se pela realização de atividades e temáticas relevantes para o pensar da realidade do ensino superior nas IES baianas e, a stricto sensu, brasileiras, permitindo a discussão de temas que vão desde os mais teóricos até os mais práticos, tendo as sessões comunicação para apresentação de resultados de pesquisas e aquelas em andamento e os Grupos de Discussão (GDs) loci de reflexão da realidade política da universidade baiana.
Uma outra perspectiva adotada pelos encontros de Letras, não superior às demais, é a tentativa de enfocar a realidade regional, excluindo-se a regionalização limitante. Trata-se, baseando-se em Moita Lopes (2006) de um enfoque em que geral e local dialogam entre si, sem hierarquia limitante, mas com a possibilidade do geral permitir pensar o local e a interface local permitir pensar o geral, ambos construindo-se e reconstruindo-se mutuamente.
Deste modo, o XVII ENCONTRO BAIANO DOS ESTUDANTES DE LETRAS, com a temática "O Jorge e os jorges: das Terras do Sem-fim ao Território da Linguagem", tem o objetivo de repensar a temática amadiana por um viés que não a limite na perspectiva regionalista ou universal, mas que possibilite uma crítica pós-colonial e multicultural, ou ainda intercultural da dinâmicas motoras e norteadoras da produção literária e linguística, do fazer acadêmico, das relações Academia-sociedade, da relevância de uma extensão que produza resultados coerentes com o atual estágio de conhecimento humano e não se prenda a perspectivas conservadoras e condizentes com um mundo de vantagens, aquele reproduzido nas obras de Jorge Amado, que representam as condições de um mundo arcaico, dominado pelo favor, pela exploração do trabalhador, da guerra por poder etc
Vai dá continuidade a uma série de outros eventos do mesmo gênero que, há dezessete anos, integra discentes e docentes do curso de Letras de todas as Instituições de Ensino Superior (doravante IES) baianas. Trata-se de um evento organizado por docentes e discentes de uma IES baiana com o objetivo de fomentar produção intelectual científica e discussões político-acadêmicas.
No Brasil, várias regiões e estados realizam seus encontros e promovem discussões que refletem os objetivos dos cursos de Letras no Brasil, para além de uma postura metodológica tradicional, enfocando atitudes e posturas político-acadêmicas críticas. De tais posturas é possível destacar: formação de professores, política de línguas, análise do discurso literário, crítica literária, objetivos do ensino/aprendizagem, entre outros. Assim, não se trata de um evento meramente político ou acadêmico, mas a integração de duas categorias que não costumam se misturar na universidade. A primeira abordagem, a política, é advinda do movimento estudantil e é relegada a segundo plano no ambiente acadêmico, cumprindo uma tarefa secundária, mesmo tocando diretamente a realidade sócio-histórica de cada indivíduo na universidade; a segunda abordagem, a acadêmica, ocupa primeiro lugar na Academia, mas não dá conta da tarefa de se estender à sociedade e procurar entender, ao lado da prática e da materialidade histórica, o funcionamento da linguagem e a práxis discursiva e histórica que a rodeia. A estrutura dos encontros, entretanto, materializa-se pela realização de atividades e temáticas relevantes para o pensar da realidade do ensino superior nas IES baianas e, a stricto sensu, brasileiras, permitindo a discussão de temas que vão desde os mais teóricos até os mais práticos, tendo as sessões comunicação para apresentação de resultados de pesquisas e aquelas em andamento e os Grupos de Discussão (GDs) loci de reflexão da realidade política da universidade baiana.
Uma outra perspectiva adotada pelos encontros de Letras, não superior às demais, é a tentativa de enfocar a realidade regional, excluindo-se a regionalização limitante. Trata-se, baseando-se em Moita Lopes (2006) de um enfoque em que geral e local dialogam entre si, sem hierarquia limitante, mas com a possibilidade do geral permitir pensar o local e a interface local permitir pensar o geral, ambos construindo-se e reconstruindo-se mutuamente.
Deste modo, o XVII ENCONTRO BAIANO DOS ESTUDANTES DE LETRAS, com a temática "O Jorge e os jorges: das Terras do Sem-fim ao Território da Linguagem", tem o objetivo de repensar a temática amadiana por um viés que não a limite na perspectiva regionalista ou universal, mas que possibilite uma crítica pós-colonial e multicultural, ou ainda intercultural da dinâmicas motoras e norteadoras da produção literária e linguística, do fazer acadêmico, das relações Academia-sociedade, da relevância de uma extensão que produza resultados coerentes com o atual estágio de conhecimento humano e não se prenda a perspectivas conservadoras e condizentes com um mundo de vantagens, aquele reproduzido nas obras de Jorge Amado, que representam as condições de um mundo arcaico, dominado pelo favor, pela exploração do trabalhador, da guerra por poder etc
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