Por Marcos Wense
Sempre que é questionado sobre a unidade da base aliada na sucessão municipal, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) deixa de fora Itabuna.
"Vou trabalhar pela unidade, para na hora certa ter um nome único. Não só em Salvador, mas em Feira de Santana, Vitória da Conquista", declara o chefe do Palácio de Ondina, cria política de Rui Costa, ministro da Casa Civil do governo Lula 3.
O PT de Itabuna, mais especificamente o que defende candidatura própria na federação PT/PCdoB/PV, está feliz da vida. Já é a segunda vez que Jerônimo não fala da sucessão do prefeito Augusto Castro (PSD) quando se reúne com o conselho político. E aí não tem como deixar de fazer a seguinte pergunta, que é pertinente e opo…
Marcos Wense: Recebi um telefonema do prefeito de Itabuna Augusto Castro (PSD), que se mostrou confiante na sua reeleição, na quebra do tabu do segundo mandato consecutivo. Citou o grande número de obras que serão realizadas. Mas a ênfase do chefe do Executivo ficou por conta do tratamento que os professores estão recebendo do governo, como a efetivação do piso nacional do magistério e o aumento salarial de 19,5%. Disse também que está se esforçando para resolver o problema dos precatórios. "Estou sendo um bom prefeito para os professores", finalizou Augusto Castro. Aproveitei o contato e pedir ao chefe do Executivo que me enviasse informações sobre o Hospital de Base, que eu iria tentar com o deputado federal Leo Prates (PDT) uma emenda para a importante instituição.
NEM LÁ, NEM CÁ
O deputado estadual Rosemberg Pinto, líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, não quis meter a mão na cumbuca, como diz a sabedoria popular. Terminou agradando ao prefeito Augusto Castro (PSD), que busca o segundo mandato, e ao ex-alcaide Geraldo Simões, seu companheiro de legenda, que tem a legítima pretensão de retornar a Prefeitura de Itabuna. O parlamentar disse que vai fazer de tudo para buscar a unidade da base aliada. Só não deixou explícito em torno de quem. Elogiou o chefe do Executivo. Fez cafuné em Geraldo quando o colocou como símbolo do lulopetismo no sul da Bahia. No frigir dos ovos, nem as freiras do convento das Carmelitas ficaram sabendo da posição do parlamentar diante do processo sucessório. Mais cedo ou mais ta…
ANTES CORRERIA, AGORA ESPINHO
O então governador Rui Costa (PT), pelo seu ritmo intenso de trabalho, que parecia estar em dois lugares ao mesmo tempo, era chamado de "Rui correria". Agora, como ministro-chefe da Casa Civil, é batizado de "Rui espinho". Os senhores parlamentares estão se queixando que não podem encostar nele. O presidente Lula vem aconselhando o ex-mandatário da Bahia a ter mais paciência com o toma lá, dá cá, que tem como principal aliado a tal da governabilidade. Ou dar o que se pede ou não se vota no que o governo quer. O centrão, sempre de mãos dadas com o presidente da Câmara dos Deputados de plantão, continua protagonizando o que virou uma prática encrustada na política brasileira, no promíscuo relacionamento entre o Poder Executivo e …
A INFELIZ DECLARAÇÃO DE LÍDICE
A deputada federal Lídice da Mata, presidente estadual do PSB, anda dando declarações que podem minar sua pretensão de ser o nome da oposição para enfrentar Bruno Reis, prefeito de Salvador e pré-candidato à reeleição pelo União Brasil.Lídice, ao ser questionada sobre a sucessão soteropolitana, disse que Rui Costa (PT), ministro-chefe da Casa Civil, é o "único" nome capaz de unir totalmente a base aliada na disputa pelo comando do Palácio Thomé de Souza.
A parlamentar, que já foi gestora da capital, pode até ter razão. Mas é o tipo de declaração que deve ser evitada. Quem deve conduzir o processo sucessório é o governador Jerônimo Rodrigues. Do contrário, assume o papel de coadjuvante. Não teria cabimento a maior autoridade política da Boa Terra ficar em segundo plano.
Esse "único" de Lídice, além de atingir Jerônimo, respinga também no senador Jaques Wagner. O caminho da dirigente-mor do Partido Socialista Brasileiro rumo a Prefeitura de Salvador ficou mais complicado com essa infeliz opinião.
Outro ponto é que Rui Costa não pode ser o condutor, o protagonista do processo sucessório. Como ministro da Casa Civil, buscando atrair apoio das legendas para o governo Lula 3, é desaconselhável se meter nos imbróglios que a sucessão de Bruno Reis deve causar.
Vale lembrar que o União Brasil tem três ministérios na Esplanada. A sigla, em que pese ter ACM Neto como secretário-geral e o presidente Luciano Bivar insatisfeito por ter sido escanteado nas negociações, já é considerada, pelos menos informalmente, como integrante da base de sustentação política do lulopetismo. A agremiação partidária, que surgiu da fusão do DEM com o PSL, é tida como imprescindível para a tal da governabilidade.
Lídice, com a inoportuna afirmação de que Rui Costa é o "único" capaz de juntar a base aliada, atira no próprio pé. Lideranças políticas ligadas ao atual governador e ao senador Wagner não gostaram da declaração da socialista.
Concluo dizendo que Lídice menosprezou a capacidade de articulação política do governador Jerônimo Rodrigues, que vem se esforçando para criar sua própria identidade e, como consequência, uma nova corrente política : o jeronismo.
HOJE TEM PSOL
Hoje tem sabatina, no Senado do Café Pomar, às 16h:30, com Zem Costa, pré-candidato do PSOL a prefeito de Itabuna. Todos convidados.