Antonio Nunes de Souza*
Para nós baianos, mais que
os habitantes de outros estados, temos que ficar putíssimos em função dessa
desastrosa, criminosa e intermitente virose que, abusivamente, está nos
privando dos nossos maiores prazeres, nos tolindo das nossas maiores festas, as
prévias dos ensaios de blocos, as liberdades de paquerar as milhares de turistas
nacionais e internacionais, que aqui aparecem em busca da alegria sensual e
libidinosa, peculiar em nossa querida, sagrada, profana e amada Bahia!
Inegavelmente, dois anos sem carnaval, sem as esfregações dentro dos blocos, as
transas eventuais e certíssimas nos fins de noite, muitas vezes até no meio das
multidões, atrás dos carros, barracas, ou nas praias que, com certeza, botam
Sodoma e Gomorra no bolso, pelas majestosas e deliciosas putarias, popularmente
chamadas de “franciscana”. Não sei se é em homenagem a algum devasso do passado
chamado Francisco, ou se é um agradecimento a S. Francisco pelas dádivas dos
prazeres. Eu tenho uma impressão, que como existia um grande puteiro no
Pelourinho, as mundanas circulavam muito no terreiro ou largo de S. Francisco
que é perto, consequentemente, ali aconteciam as tais putarias, que ganharam
esse santificado apelido. Sou historiador, mas, na faculdade não tinha aula de
sacanagem! Pior de tudo que não é somente o carnaval e seus ensaios, também são
atingidas as festas da Conceição, Boa Viagem, Lavagem do Bonfim e centenas de
outras lavagens de Igrejas, Reis Magos (que é hoje) pois, como peculiaridade, o
baiano arranja tudo que é motivo para dançar, mexer e comer as bundas, tomar
cachaça, caipirinha, cerveja e capeta, estimulantes para o desejo principal,
que é uma deliciosa transa! Nessas horas os baianos são ágeis, ativos e nada
preguiçosos. Essa fama erótica é conhecida em vários continentes. Que talvez
seja atribuída a miscigenação dos africanos, índios, portugueses, espanhóis,
árabes e outros, que só poderia criar um ser especial em todas as áreas, porém,
mais acentuada no jeito gostoso do sexo! Mas, felizmente, para que a tristeza
não seja total, acontecerão alguns eventos com uma série de precauções que, com
certeza, não serão obedecidas, dando uma chance aos foliões fanáticos a
desfrutar de uma mini festa momescas, obviamente, constando da sacanagem
habitual, pois essa faz parte oficial dois nossos eventos! Com a liberação das
praias, você pode se “armar” na Pituba, Piatã, Itapoã, principalmente no Porto
da Barra que é onde as coisas boas acontecem, pois, todo mundo que lá “pinta”,
ou está querendo dar, ou querendo comer. O Porto é a praia “restaurante”. Muita
comida e muitos querendo comer! Mesmo com essas privações necessárias, sempre
podemos desfrutar das maravilhas de Salvador, cidade mágica, sensual, erótica,
cheia de feitiços e Orixás que, quem aqui vem uma vez, ou fica, ou dá um jeito
de sempre voltar!
*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de
Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com