quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Justiça fecha o cerco sobre filho Zero Dois

 

Justiça fecha o cerco sobre filho Zero Dois

Nem STF, nem TSE, nem CPI. Quem tirou o sono do presidente Jair Bolsonaro foi o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou ontem a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho Zero Dois, e de outras 26 pessoas e sete empresas. Todos são investigados desde 2019 por um suposto esquema de contratação de funcionários fantasmas e de “rachadinhas”, quando o parlamentar fica com parte dos salários dos assessores, na Câmara Municipal do Rio. Em setembro do ano passado já havia surgido a informação de que o gabinete do filho do presidente teria gastado R$ 7 milhões com funcionários fantasmas – entre eles parentes de uma ex-mulher de Jair Bolsonaro. (G1)

O presidente temia que seu filho acabasse preso por ordem do STF na esteira do inquérito das fake news. Como conta o Radar, ele chegou a traçar estratégias de reação. Numa delas, Carlos se refugiaria no Palácio da Alvorada, e o pai se recusaria a entregá-lo. Em outra, a Polícia Federal se recusaria a cumprir a ordem. (Veja)

A sombra das rachadinhas também paira sobre o Zero Um, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), mas este recebeu um alento, ontem. O ministro do STF Gilmar Mendes adiou para o dia 14 de setembro o julgamento do foro do senador. A defesa alega que, como o crime teria acontecido quando Flávio era deputado estadual no Rio, o processo deve ser julgado pelo TJ, enquanto o MP diz que a ação foi iniciada quando ele estava sem mandato, portanto, sem foro privilegiado. (Poder360)


Pois é...
 Jair Bolsonaro segue acirrando os ânimos para os atos no feriado. Nesta terça-feira, dia útil, ao participar de uma motociata em Uberlândia (MG), ele disse que o Sete de Setembro será o momento de o Brasil se tornar “independente para valer”. “Vamos dizer que não aceitamos que uma ou outra pessoa em Brasília queira impor a sua vontade. A vontade que vale é a vontade de todos vocês. Vocês estarão mostrando no próximo dia 7 que quem manda no Brasil são vocês”, afirmou. (Poder 360)O Supremo Tribunal Federal (STF) decretou ponto facultativo no próximo dia 6 para montar um esquema de segurança com vistas à manifestação bolsonarista marcada para o Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Além da segurança própria, a Corte quer apoio do governo do Distrito Federal. (Metrópoles)

Então... O radicalismo no discurso de Bolsonaro está incomodando cada vez mais as Forças Armadas, como conta Vicente Nunes. “Fazer barulho é do jogo. O que não pode é tentar desestabilizar o país”, dizem generais. Eles garantem ter o controle da tropa e que “não há espaço para retrocessos”. (Correio Braziliense)

Enquanto isso… A Febraban está rachando. Bancos favoráveis à assinatura de um texto pedindo democracia, casos de Itaú-Unibanco e Credit Suisse, se colocam de um lado. Outros, como o BTG, acham que não vale o atrito com o Planalto. (Poder 360)Os industriais seguem sem saber se há ameaças há democracia. Após a Fiesp adiar a publicação de um manifesto leve e a Firjan afirmar que não assinaria qualquer documento contra o governo, a Fiemg assinou algo. Uma nota em defesa de sites bolsonaristas e contra a decisão do Supremo de cortar seu financiamento. (Poder 360)


Meio em vídeo. Em um Conversas com o Meio diferente, o jornalista Pedro Doria recebe três convidados: a pesquisadora associada do Wilson Center, em Washington DC, e cientista política da Fundação Getúlio Vargas, Daniela Campello, o economista e professor da Johns Hopkins University, Filipe Campante, e o professor da UERJ, Christian Lynch. Eles debatem o que quer Jair Bolsonaro, tentam responder se o presidente tem de fato um plano para além do caos político. Confira no YouTube.

Revoltados com a decisão do ministro do STF Kássio Nunes Marques, que desobrigou o motoboy da empresa VTCLog Ivanildo Gonçalves da Silva de depor, os integrantes da CPI da Pandemia exibiram vídeos em que o funcionário supostamente fazia pagamento de ao menos quatro boletos em benefício de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Dias, que foi demitido, é suspeito de negociar propinas com empresas. A VTCLog tem contratos com o ministrério para transporte de vacinas e medicamentos. Os senadores querem usar as imagens para recorrer da decisão de Nunes Marques. (G1)

Lauro Jardim: “Renan Calheiros avisou a senadores que não vai mais apresentar seu relatório no próximo dia 21, como havia anunciado. Segundo ele, os indícios de corrupção sobre a VTClog são elementos suficientes para prorrogar os trabalhos do colegiado até meados de outubro.” (Globo)


Música de espera, ligação caindo, chat que não funciona: no Meio não tem nada disso. Você é livre para ir e vir como e quando quiser. É fácil dar um tempo e mais fácil ainda assinar o premium e receber uma edição especial todo sábado. Assine. É mais barato que a taxa de entrega do delivery.

Aumento no preço da gasolina, inflação dos alimentos e crise hídrica. Com a pandemia, o consumidor brasileiro tem sentido os impactos da crise econômica no país. O custo da cesta básica, por exemplo, já aumentou em pelo menos 15 capitais nos últimos meses, e a crise energética por conta do baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas vão encarecer a conta de luz. Com tantos gastos básicos aumentando, economizar custos e reduzir o consumo em casa podem fazer a diferença no seu bolso. Confira algumas dicas.

a pesquisa do Instituto Axxus revelou que 76% dos brasileiros não estão administrando bem suas contas durante a pandemia. Além disso, 86% dos entrevistados tiveram as finanças muito prejudicadas nos meses de isolamento social. Outro dado alarmante é que o número de pessoas que se consideram muito endividadas subiu, e 83% dos brasileiros acham que a situação financeira vai ficar pior do que era em 2019. (CNN Brasil)

E a média de preços das despesas básicas das famílias brasileiras aumentou 33% nos últimos 12 meses, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Em julho deste ano, os gastos básicos influenciaram 18% no orçamento dos lares. Ou seja, para cada R$ 20, no mesmo período do ano passado, agora equivale a quase R$ 27. Principais alimentos, combustíveis e residência estão entre os itens básicos que, por serem essenciais, são mais difíceis de economizar. (UOL Economia)




Finanças em Dia

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Viver

O governo de São Paulo confirmou ontem a primeira morte no estado causada pela variante delta do Sars-Cov-2. A vítima, moradora de Piracicaba, foi uma mulher de 74 anos que tinha comorbidades e havia recebido duas doses de vacina. (G1)

A prefeitura do Rio de Janeiro adiou de hoje para o dia 15 a entrada em vigor do decreto que exige comprovante de vacinação para entrada em locais de uso público, como academias, cinemas, teatros etc. A justificativa foi a instabilidade no aplicativo ConecteSUS, que emite a carteira virtual de vacinação. (Poder360)

O adiamento vem justo quando a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para a tendência de aumento do número de casos na capital fluminense, contrariando a tendência nacional. No interior do Estado do Rio, diz a fundação, já há oito municípios com 100% de ocupação das UTIs por Covid-19. (UOL)

Nesta terça-feira o Brasil ultrapassou a marca dos 580 mil mortos, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de comunicação junto aos estados. Foram registradas 882 mortes, elevando o total a 580.525, com média móvel de óbitos em sete dias de 671, o mesmo número apurado na véspera. (Estadão)




O destaque de hoje dos Jogos Paralímpicos de Tóquio vai acontecer quando você estiver lendo esta edição do Meio. O nadador Daniel Dias, dono de 27 medalhas, disputa sua última final paralímpica agora de manhã: os 50m nado livre. A mulher e os filhos de Daniel gravaram mensagens de incentivo. O Brasil também está nas finais de duas provas de atletismo. Confira o quadro de medalhas. (Globo Esporte)




A Justiça do Distrito Federal determinou que a funcionária pública Patrícia Nogueira deve receber uma indenização de R$ 3 mil por danos morais da empresa que administra o Pontão do Lago Sul, um parque público na capital. Em maio, Patrícia foi repreendida por um segurança do parque por passear no local de bicicleta vestindo um short e a parte de cima de um biquíni, enquanto homens circulavam livremente sem camisa. A empresa não se pronunciou sobre a decisão. (UOL)




Alunos de 86% das escolas do país tiveram o aprendizado prejudicado durante a pandemia por falta em casa de equipamento com acesso à internet, como computadores, celulares e tablets. O levantamento foi feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). (G1)




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Cultura

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, parece não ter limites na busca por polêmicas. Investigado na Justiça do Trabalho por assédio moral, discriminação e perseguição ideológica, ele foi tema no domingo de uma longa reportagem no Fantástico que detalhava o caso, trazia depoimentos e relembrava as polêmicas de sua gestão. (G1)

Nas redes sociais, Camargo ontem desqualificou a reportagem, como era de se esperar, e tentou criar uma cortina de fumaça atacando uma profissional negra da TV Globo de grande empatia, a apresentadora Maju Coutinho – que, aliás, não tinha relação com a matéria ou o Fantástico. “Não sou um preto de coleira. Não sou como a Maju…”, escreveu, antes de apagar a mensagem e substituí-la por outra sem o nome da jornalista. (Metrópoles)

Vista como uma das últimas trincheiras da ala olavista no governo, a Secretaria de Cultura, à qual responde a Fundação Palmares, não perdoa sequer ex-aliados. Exonerado nesta terça-feira, o ex-secretário de Desenvolvimento Cultural Mauricio Noblat Waissman diz que a secretaria vive “um eterno delírio de caça às bruxas” e faz um mea culpa de ter se aliado ao “olavismo cultural”. (Globo)

Hora de exorcizar essas energias nefastas. Começou e ontem e vai até domingo a Bienal de São Paulo, adiada do ano passado devido à pandemia e Covid-19. Um dos olhares desta edição é a sobreposição de passado e presente, como explica o curador Jacopo Crivelli Visconti. E temas que parecem saídos do noticiário de hoje, como a escalada autoritária do governo e as ameaças aos povos indígenas, já estavam previstos na edição adiada. (Folha)O cantor Erasmo Carlos, de 80 anos, foi internado no Rio com Covid-19. Segundo publicação em sua conta no Instagram, ele “está em observação e recebendo todos os cuidados” para superar a doença. (UOL)




Meio errou. No exterior, o serviço Star+ não faz parte automaticamente da assinatura da Disney+, ao contrário do que foi publicado na edição de ontem.

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Cotidiano Digital

Nesta quarta-feira, uma série de canais na Twitch organizam uma paralisação em protesto a discursos de ódio e assédio que infestaram a plataforma nas últimas semanas. Criado pelos streamers ShineyPen, Lucia Everblack e RekitRaven, #ADayOffTwitch quer chamar a atenção para a falta de proteção dos usuários na Twitch e ao aumento repentino de “hate raids”. Embora a ação de bombardear chats de transmissões com mensagens sexistas, racistas e transfóbicas infelizmente não seja novidade, um fenômenos de bots tem sobrecarregado bate-papos com centenas de mensagens automáticas. Leia a entrevista com os organizadores da greve. (The Verge)




E finalmente o Nubank liberou a tão aguardada compatibilidade com o Apple Pay. Agora, clientes do banco digital que usam iPhone, Apple Watch, iPad e Mac podem utilizar seus cartões em pagamentos. (Canaltech)



O novo sistema operacional da Microsoft já tem data para lançamento. A companhia confirmou o Windows 11 no dia 5 de outubro. A partir desta data, os usuários do Windows 10 terão direito a uma atualização gratuita, liberada gradativamente. A Microsoft também prometeu suporte, com atualizações de segurança, até 2025. Saiba como verificar os requisitos mínimos. (G1)

 




Meio em vídeo. Um novo serviço de streaming ou mais uma assinatura de portal de notícias são alguns exemplos dos custos que estão se tornando cada vez mais comuns no mundo digital. Pedro Doria e Cora Rónai discutem os caminhos da internet e o valor do conteúdo em um espaço já habituado ao acesso gratuito à informação. Confira no YouTube.



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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Governo Bolsonaro designou assassino do índio Galdino para cargo de confiança na PRF

O policial rodoviário federal Gutemberg Nader de Almeida Júnior era o único menor de idade entre os cinco condenados pela morte de Galdino – Reprodução/Facebook e Correio Braziliense

Servidor alocado em posto comissionado com salário-extra por 11 meses é um dos condenados por morte do cacique pataxó

Paulo Motoryn
Brasil de Fato | Brasília (DF) |

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) designou um dos cinco condenados por matar o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, em Brasília, em 1997, para um cargo comissionado na Polícia Rodoviária Federal. Gutemberg Nader de Almeida Júnior, servidor que ingressou na corporação por concurso público em 2016, foi agraciado em janeiro de 2020 com o posto na PRF e permaneceu na função até dezembro.

Nos 11 meses em que esteve no cargo de substituto do chefe da Divisão de Testes, Qualidade e Implantação, ele recebeu gratificações mensais de aproximadamente R$ 2 mil (o comissionamento é identificado pelo governo federal pelo código FCPE 101.2). Os ganhos foram acrescidos ao seu salário bruto, de mais de R$ 9 mil.

A portaria com a designação de Gutenberg foi assinada por André Luiz Marçal da Silva, coordenador de Recursos Humanos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, então chefiado pelo ex-juiz Sérgio Moro. O comando da PRF, à época, era de Adriano Marcos Furtado.

Depois da saída de Moro da pasta, em abril de 2020, Gutemberg se manteve na função por cerca de oito meses. Em maio, com o Ministério da Justiça sob chefia do atual advogado-geral da União, André Mendonça, a direção-geral da PRF passou a ser de Eduardo Aggio de Sá.

A medida perdeu validade apenas em dezembro, quando a dispensa do servidor do cargo comissionado foi assinada por Silvia Regina Barros, atual diretora de Gestão de Pessoal da corporação. Veja o trecho das portarias que citam a concessão do cargo comissionado:

Portaria que designa Gutemberg para o cargo comissionado, publicada em 2 de janeiro de 2020 / Reprodução/Diário Oficial da União

Portaria que dispensa Gutemberg do cargo comissionado, publicada em 2 de dezembro de 2020 / Reprodução/Diário Oficial da União

O policial rodoviário é um dos cinco condenados pela assassinato de Galdino, que foi brutalmente queimado enquanto dormia em um ponto de ônibus na W3 Sul, avenida em um bairro nobre da capital federal. Ele era o único menor de idade na cena do crime cometido na madrugada 19 de abril de 1997.

Gutemberg foi libertado em 12 de setembro de 1997, por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Em sessão secreta, os desembargadores trocaram a internação de três anos por liberdade assistida. Ao completar a maioridade, o registro do crime praticado na adolescência foi apagado, como determina a legislação brasileira.

Os outro quatro (Tomás Oliveira de Almeida], Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova) foram condenados, em 2001, em júri popular, a 14 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso. Em 2004, sete anos depois do caso, nenhum deles permanecia preso.

::: Leia a íntegra dos autos do processo que condenou os responsáveis pela morte de Galdino :::

Em seus depoimentos à Justiça, os criminosos disseram que o objetivo era “dar um susto” em Galdino e fazer uma “brincadeira” para que ele se levantasse e corresse atrás deles. Um dos rapazes disse à imprensa que ele e seus amigos haviam achado que Galdino “era um mendigo” e que, por isso, cometeram o crime.

Em 2014, Gutemberg foi aprovado em um concurso para agente da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele passou por todas as etapas até chegar à análise de vida pregressa. Nesse momento, a morte de Galdino teve peso e a candidatura foi barrada pela corporação. O condenado questionou a decisão na Justiça e chegou a levar o caso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas a determinação foi mantida.

O advogado de Gutemberg na ocasião era o então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Ibaneis Rocha. Em 2018, tornou-se político e foi eleito para o cargo de governador do Distrito Federal, com apoio do atual presidente Jair Bolsonaro.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) defendeu Gutemberg em seu pleito para ingressar no serviço público; atualmente, dois dos condenados são servidores do DF / Paulo Henrique Carvalho/Agência Brasília

Mesmo com a recusa da Polícia Civil, Gutemberg insistiu no projeto de integrar uma força de segurança. Em 2016, foi aprovado em um concurso da Polícia Rodoviária Federal. Depois de disputa judicial por ter sido barrado novamente análise de vida pregressa, conseguiu tomar posse no cargo. Ele é agente da corporação desde novembro daquele ano. Até o governo Bolsonaro, Gutemberg não havia recebido nenhuma gratificação ou ocupado cargos em comissão dentro da corporação.

O Brasil de Fato procurou a Polícia Rodoviária Federal para fazer questionamentos sobre a promoção de Gutemberg durante o ano de 2020. A corporação não especificou os motivos, mas enviou a seguinte nota (reproduzida na íntegra):

“O servidor Gutemberg Nader foi alvo de investigação social como qualquer outro candidato, durante o certame de 2016. Por ocasião da investigação social, houve decisão para que ele fosse desligado do Curso de Formação Profissional – CFP, de 2016, pelos fatos que são de conhecimento geral, qual seja, o evento com o Índio Galdino, quando ele era ainda menor de idade. Contudo, ele retornou ao CFP, concluiu e tomou posse como PRF, por força de decisão judicial. O servidor Gutemberg está lotado na Superintendência do Distrito Federal. Sua remuneração está no Portal da Transparência.”

TODOS OS CONDENADOS TÊM CARGO PÚBLICO

Em 2001, os quatro adultos que participaram do crime ao lado de Gutemberg foram condenados a 14 anos de prisão. Em 2002, receberam benefício de liberdade assistida, que foi revogado após vídeos do Correio Braziliense que mostravam os condenados bebendo cerveja e namorando no horário em que deviam estar trabalhando ou estudando.

No início de 2004, o benefício foi concedido novamente. Em novembro do mesmo ano, dois deles foram agraciados com a liberdade condicional. Em dezembro, os outros dois que permaneciam presos saíram da prisão pelo mesmo benefício. A pena de 14 anos foi cumprida pelos quatro completamente em 2011.

Mesmo após terem sido condenados por um crime hediondo (homicídio triplamente qualificado), todos possuem certidão negativa de antecedentes criminais. O artigo 202 da Lei de Execução Penal garante sigilo em caso de condenações já cumpridas.

“Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei”, aponta o artigo da lei de 1984.

Veja onde está cada condenado:

Imagem mostra onde estão alocados os homens que mataram o índio Galdino / Reprodução: Acervo Instituto SocioAmbiental/Facebook/LinkedIn

Tomás Oliveira de Almeida, servidor do Senado Federal

Irmão mais velho de Gutemberg, é um dos quatro condenados a 14 anos de reclusão por homicídio qualificado. É técnico legislativo no Senado Federal, onde ingressou por concurso público em 2012. No ano seguinte, passou a receber, além do salário, um valor por ocupar uma função comissionada na Casa.

Captura de tela da aba de Transparência do site do Senado Federal mostra remuneração de Tomás Oliveira de Almeida / Arte sobre Reprodução/Senado Federal

Atualmente, ele soma todo mês R$ 5.763,32 ao salário bruto de R$ 21.476,11. Tomás trabalha na Coordenação de Comissões Permanentes do Senado e, em 2017, chegou a ser alocado na chefia de gabinete do ex-senador Ataídes Oliveira, então do PSDB.

O servidor Tomás Oliveira de Almeida ocupou cargo no mandato do ex-senador Ataídes Oliveira, então filiado ao PSDB / Arte sobre Reprodução/Instagram – @ataidesoliveira

Eron Chaves Oliveira, agente de trânsito no Detran do Distrito Federal

Primo de Gutemberg e Tomás, é agente do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). Recebe salário de R$ 15.699,20 brutos. Formado em Direito por uma universidade em Brasília, chegou a atuar na profissão, mas parou de advogar depois que uma emenda constitucional proibiu o acúmulo de funções, em 2014.

Captura de tela da aba de Transparência do site do Governo do Distrito Federal mostra remuneração de Eron Chaves de Oliveira / Reprodução/Detran-DF

Antônio Novély Vilanova, fisioterapeuta da Secretaria de Saúde do Distrito Federal

Filho do desembargador federal Novély Vilanova, formou-se em fisioterapia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e hoje é servidor da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, lotado no Hospital Regional de Santa Maria. Por mês, ele recebe salário mensal de R$ 15.196,46 brutos.

Captura de tela da aba de Transparência do site do Governo do Distrito Federal mostra remuneração de Antônio Novely Dantas / Reprodução/Governo do Distrito Federal

Max Rogério Alves, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

Em outubro de 2017, o advogado Max Rogério Alves foi nomeado para cargo no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), após ser aprovado em concurso público. Desde então, após anos atuando em prestigiados escritórios de advocacia em Brasília, atua como analista judiciário da Corte Distrital, onde recebe mensalmente cerca de R$ 16.091,40 de salário bruto.

Captura de tela da seção de Transparência do site do TJDFT mostra remuneração de Max Rogério Alves / Reprodução/TJDFT

Feijão, fuzil e Araçatuba

 

Por Frei Betto, em seu site:

No sábado, 28 de agosto, cometi tremenda idiotice: comi feijoada. Tivesse dado ouvidos a milicianos, teria caído de boca num prato de balas de fuzil. Mas se careço de inteligência, esbanjo memória. Lembro-me do cerco de Jerusalém, no ano 70, comandado pelo general romano Tito, filho do imperador Vespasiano. No desespero da fome dentro da cidade sitiada, moradores ricos clamavam por trocar joias e ouro por um pedaço de pão.
Desconfio que os assaltantes dos bancos de Araçatuba trilharam o caminho inverso. Armaram-se de fuzis e bombas para roubar dinheiro e comprar feijão.
Devido aos aumentos do gás de cozinha, da gasolina e do diesel, num país cujos produtos trafegam em quatro rodas, somados à alta da inflação e dos preços dos alimentos, falta feijão na mesa do brasileiro. Nos últimos 12 meses, o preço do feijão-fradinho subiu 42,4%. O do arroz, 39,7%. E todos que nascemos ao som do grito do Ipiranga bem sabemos que o bem-estar do brasileiro se apoia em cinco efes: feijão, farinha, futebol, festa e fé.
Se o feijão anda escasso na mesa do brasileiro, as armas abundam nos arsenais. Dados do Ministério da Economia informam que, em 2020, nossa população importou US$ 29,3 milhões (equivalente a 150 milhões de reais) em revólveres e pistolas, um recorde histórico. O volume importado foi 2.656% maior que a média da série histórica, iniciada em 1997. Hoje, o Brasil importa mais armas de fogo que bicicletas e lápis.

Segundo Bernardo Mello Franco (O Globo, 29/08/2021), em 2020 praticamente dobrou o número de armas registradas na Polícia Federal. Foram 186 mil, aumento de 97,1% em relação ao ano anterior. E o governo facilitou também o acesso a armas de alto poder ofensivo, como fuzis semiautomáticos, cujo uso era restrito às forças de segurança.
E você, preclaro leitor ou estimada leitora, onde pensa que vai parar a maioria dessas armas, no prato dos brasileiros ou nas mãos de bandidos como os de Araçatuba?

Não é à toa que BolsoNero escolheu como lema de seu governo o verso truncado de nosso hino nacional: “Pátria armada, Brasil”.
* Frei Betto é escritor, autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Cortez), entre outros livros. 

https://patrialatina.com.br/

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