O vaqueiro(a) é repleto(a) de força, simbologia, saberes, ancestralidade e muita fé.
Entretanto, também padece com a invisibilidade e os estereótipos. Diante desse cenário, o
fotógrafo Heitor Rodrigues mergulhou na Cultura Vaqueira de Uauá – BA, vivenciando, desde
2014, as expressões de um povo, suas labutas e celebrações, composições de um Universo
densamente rico. Desse encantamento nasceu o projeto Pirilampos da Caatinga que utiliza a
fotografia como um fomento à preservação da memória e a valorização dessas manifestações
artísticas e culturais populares.
Fotógrafo: Heitor Rodrigues
Duas curiosidades envolvem o trabalho: A primeira é que o ofício vaqueiro é registrado
como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Bahia, através do Decreto no 13.150 de
agosto de 2011, a julgar por sua importância histórica na formação cultural do território baiano.
A segunda envolve a origem da palavra que nomeia o município. Uauá vem do dialeto Tupi-
guarani, que significa vagalume, pairando a mística de que, quem nasce na “Terra da Luz”
não é um habitante qualquer, mas sim um Ser Pirilampo, ou seja, com luz própria.
Os anos de convívio e fotografia resultaram na publicação de um livro, em formato
físico e digital (pdf e e-pub), que será lançado no dia 07/08 (sábado), data que compõe a
comemoração do início da semana da Cultura Nordestina. O público poderá acompanhar a
transmissão da live de lançamento no canal do Youtube, Pirilampos da Caatinga, às 19h30.
(https://www.youtube.com/channel/UCE5DR_dJL1OHLmQMXiN0XEA). Além disso, haverá
uma exposição fotográfica vitual na plataforma digital Flickr e uma galeria de imagens no site
do projeto, com duração de acesso atemporal, servindo como um espaço de memória coletiva
e de valorização cultural dos vaqueiros, contribuindo com a sua visibilidade, dizibilidade e
reconhecimento, alicerçada pelas fotografias.
O livro Pirilampos da Caatinga conta com prefácio do fotógrafo Ricardo Prado e possui
144 páginas, composto por 145 fotografias, em preto e branco, mesclado com epígrafes
oriundas de conversas informais, cordéis, depoimentos, fragmentos de lembranças e soneto,
almejando o poder polissêmico da arte através da oralidade, tão marcante na Cultura
Vaqueira. Esse registro etnográfico inclui a cobertura das Missas do Vaqueiro, nos anos 2014
e 2015, além de 7 anos de visitas ao município, escutas e observações da lida dos vaqueiros,
em 2021, nas Fazendas Ipoeira Grande, Santana, Umbuzeiro, Área, Pedra do Olho D’água e
Logradouro do Juvenal.
Cabe destacar que, como contrapartida, retribuição e fomento à Cultura Vaqueira, um
percentual dos exemplares será destinados para todas as 22 escolas do município de Uauá,
além de associações, comunidades e aos vaqueiros e vaqueira participantes. Outra parte será
disponibilizado para venda, pelo valor de R$ 100,00 e pode ser adquirido através do e-mail
pirilamposdacaatinga@gmail.com e pelo site www.pirilamposdacaatinga.wixsite.com/site. A
versão digital pode ser acessada, gratuitamente, no site da P55 Edição.
O processo de produção do livro foi realizado em total conformidade com as
orientações da Organização Mundial de Saúde para a prevenção e contenção da pandemia
da COVID-19. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de
Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir
Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo
Federal.
Sobre o artista visual Heitor Rodrigues – Fotógrafo, engenheiro civil e mestrando em
Geotecnia pela UFPE. Realiza trabalhos de fotografia desde 2014 na HR Fotografias. Na sua
trajetória, destacam-se participação em leituras de portfólio, trabalhos editoriais e de arte-
educação. Em 2017 teve duas fotografias publicadas na segunda edição da Revista Lavoura
e no ano seguinte, produziu a exposição fotográfica Saneamento Básico: uma linha temporal
de ações e desenvolvimento, no V Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental,
ocorrido na Universidade Federal do Vale do São Francisco. Entre os trabalhos autorais, foi
selecionado para o projeto Se Mostra Interior da Fundação Cultural do Estado da Bahia, com
o projeto fotográfico Aventura é Ser Criança. Em 2020, foi selecionado no Edital Arte Contra
a Pandemia, promovido pela Prefeitura de Juazeiro, com os projetos fotográficos autorais
Invisível Jornada e Novo Retrato. Ainda nesse ano, foi premiado no Edital Usinas Culturais,
onde publicou um e-book e uma exposição virtual do projeto Juazeiro: Luz e Sombra, em
parceria com a Poeta e Fotógrafa Pók Ribeiro, além de ter sido premiado na categoria
Criação e Produção de Livros de Artes Visuais do edital Jorge Portugal das Artes, promovido
pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, com o projeto Pirilampos da Caatinga.