LAURENCE GRIFFITHS/GETTY IMAGES
Bahia apareceu para o mundo durante a Copa no Brasil
Com direito a
Neuer e Schweinsteiger, da seleção da Alemanha, berrando "Bahêa, Bahêa, Bahêa", uma coisa é fato: o Bahia foi a equipe brasileira que melhor aproveitou a Copa do Mundo para promover sua imagem. As muitas aparições na mídia e nas redes sociais no último mês foram todas parte de um plano traçado pela diretoria do clube para alcançar uma meta bastante ousada: ser o maior time do Brasil nos próximos três anos.
Além do vídeo dos alemães vestindo o uniforme do clube, a camisa do Bahia ainda foi vista nas redes sociais nas mãos de grandes personalidades da Copa,
como o técnico dos Estados Unidos, Jurgen Klinsmann. Segundo o
marketing da equipe tricolor, foi feita uma aproximação com seleções que podem ensinar novas estratégias de gestão ao time.
"Todo mundo falou: 'ah, que golpe de sorte os alemães aparecerem com a camisa do Bahia'. Muito pelo contrário: já estávamos pensando e planejando isso há tempos. Quem nos ajudou nisso foi o Dante, que deu a camisa para eles. Mas já estávamos conversando com os alemães desde bem antes da Copa", explica Priscila Ulbrich, gerente de marketingda equipe tricolor, ao ESPN.com.br.
"E o melhor de tudo: gastamos muito pouco, o que é essencial para nós, já que vivemos um momento de reestruturação financeira", afirma.
DIVULGAÇÃO/EC BAHIA
Zagueiro Dante virou embaixador oficial do Bahia
Dante, no caso, é o zagueiro da seleção brasileira. Torcedor fanático do "Esquadrão de Aço", ele foi "promovido" a embaixador do Bahia, ajudando a fazer com que o clube de Salvador virasse mania entre os gringos.
A estratégia não poderia ter dado mais certo. Segundo dados do departamento demarketing do Bahia, o volume de notícias nacionais e internacionais sobre o time durante a Copa cresceu 350%.
A venda de camisas também bombou, principalmente entre torcedores dos Estados Unidos (pelas cores semelhantes), aumentando 30% - o uniforme amarelo, que homenageia a seleção brasileira, também foi um sucesso.
Nas redes sociais, outro sucesso: média de 2 mil novas curtidas no Facebook oficial do clube todos os dias, além da interação entre torcedores estrangeiros.
REPRODUÇÃO/TWITTER
Jurgen Klinsmann com a camisa do Bahia
"Na transmissão de Bélgica x EUA [jogo em que Klinsmann posou com a camisa do Bahia], todas as emissoras falaram do Bahia. Foi o único time citado em uma transmissão de Copa! Aí você já vê a importância do que foi feito. Estamos recebendo e-mails de jornalistas do mundo todo. Só da Alemanha, recebi uns 80!", conta Priscila.
De fora do Brasil, já há muitos pedidos por produtos da equipe tricolor, segundo o departamento de marketing. Flâmulas do "Bahêa" são o principal objeto de desejo dos gringos. Em breve, o site dos baianos também terá versões em línguas estrangeiras.
"Queremos que o Bahia deixe de ser um time do Nordeste apenas. Estamos abrindo as portas e janelas do mundo para nós. Aparecemos na France Press, na TV alemã, na BBC, na ABC... O céu é o limite", brinca a gerente, que cria suspense.
"Esses que apareceram com a camisa do Bahia, como Neuer, Schweinsteiger, Ozil, Klose e Klinsmann, foram só os primeiros. Aguarde, que virão muitos mais. Deixamos a cereja do bolo para depois da Copa ainda", ressalta.
Aprendizado e grana de patrocínio
Segundo a diretoria baiana, o objetivo das ações de marketing durante a Copa não é apenas aparecer nas redes sociais, mas sim iniciar uma reformulação para recolocar o Bahia na posição de protagonismo que já teve no cenário nacional entre os anos 60 e 90. Dos estrangeiros, virão lições que serão usadas na gestão da equipe de Salvador.
DIVULGAÇÃO/EC BAHIA
Bahia entregou relatório sobre o clube para os gringos
"Não queremos só entregar camisa para aparecer. Fui nas Federações, falei o porquê de querer me reunir com eles e eles aceitaram nos receber. Não jogamos uma camisa e ficamos torcendo pra aparecer por aí. Queríamos que as Federações nos recebessem e abrissem as portas para o início de um relacionamento", explica Priscila.
As seleções escolhidas para aproximação foram eleitas após muito estudo. Da Holanda, o Bahia quer tirar lições de como trabalhar a base; de Portugal, os interesses maiores são o plano de sócios do Benfica (time que tem a maior quantidade de sócios-torcedores do mundo) e o programa de scouting do Porto; da Alemanha, o clube soteropolitano quer aprender como gerir uma equipe de futebol ao estilo Bayern de Munique.
A cada uma dessas delegações, foi entregue uma apresentação que conta a história do clube e apresenta a estrutura do Bahia, como seu CT, seu estádio e sua torcida.
REPRODUÇÃO YOUTUBE
Neuer e Schweinsteiger: 'Bahêa, Bahêa, Bahêa!'
O objetivo é claro: rentabilizar. O time de Salvador quer fechar um acordo de patrocínio com valor entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. Esse será o primeiro passo na reestruturação da equipe.
"Pra 2015, já temos muita coisa engatilhada. Empresas estrangeiras estão olhando o Bahia com bons olhos. Quando conversamos com os holandeses, já teve gente interessada em saber o valor do patrocinador master, de placas em jogos, da manga...", revela Priscila.
"Nós atraímos o olhar de empresários estrangeiros que querem entrar no mercado brasileiro depois da Copa. Queremos um bom patrocinador master, que garanta renda fixa para o futebol e para o clube", completa.
Além disso, seleções como a dos Estados Unidos se interessaram pelo projeto do Bahia e procuraram o clube. Os americanos se despediram do Brasil, pois foram eliminados da Copa do Mundo, mas já têm uma visita agendada para conversar com o clube de Salvador e trocar ideias sobre gestão, principalmente sobre o modelo de funcionamento das equipes da MLS, a liga de futebol dos Estados Unidos e Canadá.
"Temos que ir atrás de quem é bom e aplicar esses conhecimentos no Bahia. Temos que estudar tudo o que deu certo lá fora e aplicar aqui", resume a gerente.
Maior do Brasil em três anos
Depois de sentar no dinheiro, o Bahia tem como próxima meta voltar a ser protagonista em campeonatos. Nada mais de entrar no Campeonato Brasileiro só para não cair: o objetivo é, pelo menos, a vaga na Libertadores. Isso sem falar em títulos, algo que já não está muito distante da realidade tricolor, segundo o pensamento da diretoria.
"Queremos ter participação internacional, jogar a Libertadores, internacionalizar a marca. Estamos pensando grande para o futuro. Trabalhando sério, não vejo distante um título da Copa do Brasil em breve. Queremos ter um time sempre competitivo, estar entre os primeiros. Acredito que dentro de três anos a gente concretiza o sonho de ser o maior do país. Trabalhando sério, tenho certeza que dá", brada Priscila.
GAZETA PRESS
Talisca deve deixar o Bahia em breve
Um pensamento ousado, se for levado em conta que, no meio dos anos 2000, o Bahia estava comendo o pão que o diabo amassou na Série C do Brasileirão, com resultados como uma goleada por 7 a 2 sofrida para o Ferrovário-CE, em 2006.
"Nosso principal objetivo é recolocar o Bahia de onde ele nunca devia ter saído. O Bahia passou 20 anos adormecido. Com o potencial que esse time tem, essa torcida tem, temos que ser protagonistas no cenário nacional", clama a gerente de marketing.
Segundo pesquisas recentes, o Bahia possui cerca de 4,5 milhões de torcedores. É o maior do Nordeste neste quesito, pouco à frente do Sport.
Pra esse ano, vai ser difícil disputar alguma coisa no Campeonato Brasileiro, já que o "Esquadrão de Aço" está em 15º no torneio e vem de quatro derrotas seguidas. Além disso, a equipe está muito perto de perder um de seus principais jogadores: Talisca, que deve ir para Portugal.
Mas, se Neuer e Schweinsteiger se juntarem ao elenco, talvez ainda haja chance dos tricolores soltarem o grito e comemorarem um título pelas ruas de Salvador...
"Bahêa, Bahêa, Bahêa"
Fonte:http://espn.uol.com.br/noticia/422849_sucesso-entre-os-gringos-da-copa-bahia-quer-ser-maior-time-do-brasil-em-tres-anos